10 Pragas do Egito: quais foram e por que aconteceram

Denise Alves
Revisão por Denise Alves
Pedagoga, mestre em Literatura e formanda em Teologia

As pragas do Egito é uma história bíblica, que relata os castigos enviados ao Egito por Deus, para forçar a libertação do povo hebreu da escravidão.

Ao todo foram dez pragas enviadas: águas que se tornaram sangue, infestação de rãs, piolhos e moscas, peste no gado, úlceras nas pessoas, chuva de pedras, infestação de gafanhotos, escuridão e a morte dos primogênitos das famílias.

A história é narrada na Bíblia, no livro Êxodo do Antigo Testamento. A passagem conta que Deus mandou Moisés e Aarão ao encontro do Faraó (rei do Egito) para pedir que os hebreus ficassem livres da escravidão e pudessem realizar um culto. Porém, o faraó recusou dez vezes os pedidos de Moisés e a cada recusa, Deus enviou uma praga à região.

Além de forçar a liberdade do povo hebreu, as pragas também serviram à tentativa de provar que os deuses egípcios não existiam ou eram fracos diante do Deus cristão.

1. Águas se transformaram sangue

Primeira praga do Egito: águas viraram sangue.

"Moisés e Aarão obedeceram à ordem do Senhor. Sob os olhos do faraó e de sua gente, Aarão levantou sua vara e feriu a água do Nilo, que se mudou toda em sangue".

- Êxodo 7:20

Deus instruiu Moisés para que fosse junto com seu irmão, Aarão, até ao faraó do Egito, e pedisse pela liberdade do povo hebreu, que era mantido como escravo. Moisés e Aarão assim fizeram.

Após a primeira recusa do faraó ao pedido, Moisés orientou que seu irmão tocasse com uma vara no rio Nilo para que a água se transformasse em sangue.

O Nilo é um rio importante para a região e considerado divino pelos egípcios. A história conta que durante sete dias o rio e seus afluentes, assim como as fontes e poços, transformaram-se em sangue, fazendo com que os peixes e outros animais morressem.

Após esse período, Moisés e Aarão voltaram ao encontro do faraó para repetir o seu pedido.

2. Infestação de rãs

Segunda praga do Egito: infestação de rãs.

"O Senhor disse a Moisés: "Vai procurar o faraó e dize-lhe: eis o que diz o Senhor: deixa ir o meu povo, para que ele me preste um culto. Se recusas, infestarei de rãs todo o teu território.
O Nilo ferverá de rãs que subirão para invadir tua habitação, teu quarto, teu leito, as casas de teu povo, os teus fornos e tuas amassadeiras. As rãs subirão sobre ti, sobre teu povo e sobre todos os teus servos".

- Êxodo 8:1-4

Após a segunda resposta negativa do faraó, Deus enviou uma infestação de rãs que se espalhou por todo o Egito. Com a região tomada, o faraó recorreu a Moisés e Aarão e prometeu que, se as rãs fossem retiradas, iria libertar o povo hebreu.

3. Infestação de piolhos

Terceira praga do Egito: infestação de mosquitos.

Então o Senhor disse a Moisés: "Diga a Arão que estenda a sua vara e fira o pó da terra, e o pó se transformará em piolhos por toda a terra do Egito".

- Êxodo 8:16

Após a promessa de libertação do povo hebreu com o fim da infestação de rãs ter sido quebrada, Moisés e Aarão pediram novamente pela liberdade dos hebreus, mas o faraó a negou e Deus enviou a terceira praga.

A terceira praga enviada causou grande desconforto em todo o povo egípcio e nos seus animais. Os insetos que surgiam da terra infestavam e picavam as pessoas e o gado, causando coceira.

4. Infestação de moscas

Quarta praga do Egito: infestação de moscas.

"O Senhor disse a Moisés: "Irás amanhã de manhã apresentar-te diante do faraó, quando ele sair para ir à margem do rio, e dir-lhe-ás: eis o que diz o Senhor: deixa partir o meu povo, para me prestar culto.
Se recusares, mandarei moscas sobre tua pessoa, tua gente, teu povo, tuas casas: as casas dos egípcios serão todas invadidas por elas, bem como a terra em que moram".

- Êxodo 8:20-21

Novamente, Moisés e seu irmão foram ao encontro do rei do Egito para pedir que os hebreus fossem libertos da escravidão e pudessem realizar um culto em homenagem ao seu Deus. Como o Faraó não permitiu, foi enviada uma infestação de moscas ao Egito.

Porém, povo de Deus (os hebreus) não foi atingido pela praga. Enquanto os egípcios sofreram com as moscas, os hebreus não foram atacados.

O Faraó chamou Moisés e Aarão e pediu que acabassem com as moscas. Ele propôs que o culto ao Deus fosse realizado no Egito, porém Moisés rejeitou a proposta porque o tipo de culto seria mal visto pelos egípcios, que poderiam apedrejar os hebreus.

O rei do Egito concordou em dar a liberdade se as moscas desaparecessem. Deus fez as moscas sumirem, mas o faraó não cumpriu a promessa e manteve os hebreus escravizados.

5. Peste nos animais

Quinta praga do Egito: peste nos animais.

"Se recusas, se persistes em retê-lo, a mão do Senhor vai pesar sobre os teus animais que estão nos campos, sobre os cavalos, os jumentos, os camelos, os bois e as ovelhas: haverá uma peste terrível.
Entretanto, o Senhor fará uma distinção entre os animais dos israelitas e os dos egípcios, e nada perecerá de tudo o que pertence aos israelitas".

- Êxodo 9:2-4

Como o Faraó negou novamente um pedido de libertação do povo hebreu, Deus enviou uma praga que fez todos os animais adoecerem e morrerem. Exceto os animais dos hebreus, que permaneceram saudáveis. O povo hebreu também pode ser chamado de israelitas ou judeus.

6. Feridas e úlceras

Sexta praga do Egito: úlceras e feridas.

"O Senhor disse a Moisés e a Aarão: "Tomai vossas duas mãos cheias de cinza do forno, e Moisés a lance para o céu diante dos olhos do faraó.
Ela tornar-se-á uma poeira que se espalhará por todo o Egito, e haverá em todo o Egito, sobre os homens e sobre os animais, tumores que se arrebatarão em úlceras".

- Êxodo 9:8-9

Pela sexta vez, Moisés e Aarão foram até o Faraó pedir pelos hebreus. Porém o líder egípcio permanecia inflexível e não libertava efetivamente o povo. Então, Deus enviou a sexta praga, que fez com que todos os egípcios, incluindo o Faraó e sua família, ficassem doentes, com feridas e úlceras pelo corpo.

7. Chuva de pedras

Sétima praga do Egito: chuva de pedras.

"O Senhor disse a Moisés: "Tu te apresentarás amanhã cedo diante do faraó, e dir-lhe-ás: eis o que diz o Senhor, Deus dos hebreus: deixa partir meu povo para que me preste um culto, porque desta vez vou descarregar todos os meus flagelos sobre tua pessoa, tua gente e teu povo, a fim de que saibas que não há ninguém semelhante a mim em toda a terra.
(...) Se te obstinas em impedir a partida de meu povo, amanhã, a esta mesma hora, farei cair uma chuva de pedras tão violenta como nunca houve outra igual no Egito, desde sua origem até o dia de hoje".

- Êxodo 9:13-18

Após a sétima resposta negativa do faraó, Deus enviou uma forte chuva de granizo e fogo ao Egito. Mas antes instruiu, através de Moisés, que quem o temesse deveria se proteger da chuva para não morrer. Portanto, aqueles que temiam a Deus sobreviveram ao granizo, aqueles que não temiam, morreram.

Com a chuva de granizo, o faraó prometeu libertar os hebreus. Porém, após a chuva de pedras ter cessado, não cumpriu a promessa.

8. Infestação de gafanhotos

Oitava praga do Egito: infestação de gafanhotos.

"O Senhor disse a Moisés: "Estende tua mão sobre o Egito para que venham gafanhotos sobre ele, e invadam o Egito, e devorem toda a erva da terra, tudo o que o granizo deixou".

- Êxodo 10:12

Com a oitava recusa do faraó em libertar os hebreus, Deus enviou durante um dia e uma noite uma infestação de gafanhotos que destruiu as plantações egípcias. O faraó pediu desculpas a Moisés e Aarão e ofereceu a liberdade ao povo em troca de que a infestação parasse.

Deus mandou soprar um vento forte que levou os gafanhotos do Egito para o Mar Vermelho. Entretanto, o faraó novamente não cumpriu a promessa e os israelitas permaneceram escravos.

9. Escuridão (trevas)

Nona praga do Egito: escuridão.

"Moisés estendeu a mão para o céu, e durante três dias espessas trevas cobriram todo o Egito.
Durante esses três dias, não se via um ao outro, e ninguém se levantou do lugar onde estava. Ao passo que todos os israelitas tinham luz nos lugares onde habitavam".

- Êxodo 10:22-23

Após o nono pedido de Moisés e Aarão negado pelo Faraó, Deus enviou uma escuridão que dominou o Egito durante três dias. Com, a escuridão, o Faraó prometeu dar a liberdade aos hebreus, mas eles deveriam deixar os seus animais.

Moisés explicou ao Faraó que os israelitas precisavam dos animais para fazer os sacrifícios e cultos ao Senhor. O Faraó prometeu novamente deixar que os hebreus partissem, se a escuridão cessasse, porém depois de ter o seu pedido atendido por Deus, não cumpriu a promessa.

10. Morte dos primogênitos

Décima praga do Egito: morte dos primogênitos.

"Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor!
O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito."

Êxodo 12:12-13

Depois do último pedido de Moisés e Aarão negado, Deus enviou a décima e última praga ao Egito. Esta praga foi a responsável por matar os primogênitos (primeiro filho) de todas as famílias, humanas e de animais. Inclusive a do Faraó, acabando com a sua descendência que iria assumir o reinado do Egito.

Para proteger os hebreus, Deus, por meio de Moisés, instruiu que aqueles que O temessem deveriam passar sangue de cordeiro nas portas de suas casas, assim, quando a morte atingisse os primogênitos egípcios, as famílias que tivessem sangue em sua porta seriam poupadas.

Com a morte do seu primogênito, o Faraó libertou o povo de Israel da escravidão e permitiu que fossem embora prestar culto ao seu Deus. Os hebreus partiram, guiados por Moisés, e deixaram o Egito.

A relação das pragas com a mitologia egípcia

A interpretação do trecho que conta sobre as pragas do Egito no livro Êxodo, da Bíblia, mostra dois objetivos de Deus ao enviar pragas à região. Além da libertação do povo hebreu da escravidão, em algumas passagens é possível notar a tentativa de mostrar que o Deus cristão era mais poderoso que os deuses da mitologia egípcia.

Estudiosos relacionam cada uma das pragas com o enfraquecimento de um deus egípcio diante de seu povo. O Egito tinha uma cultura politeísta (acreditavam em vários deuses) e esses deuses eram antropomórficos, ou seja, tinham uma parte do corpo humana e outra parte, animal. Alguns animais também eram considerados divinos, como os gatos.

Portanto, quando o Deus criador enviou as dez pragas ao Egito teria conseguido provar que os deuses da mitologia local não existiam ou eram fracos, pois não conseguiram acabar com as pragas.

Veja a relação entre cada praga e a desmoralização dos deuses egípcios:

Praga Deus ou Deusa Características
Águas do Nilo se transformaram em sangue Hapi Divindade das águas do Nilo.
Infestação de rãs Herek Deusa da fertilidade, tinha a cabeça de uma rã.
Infestação de piolhos Geb Deus da terra.
Infestação de moscas Khepri Divindade do sol, tinha a aparência de um escaravelho.
Peste nos animais Hator Deusa do amor e da felicidade, tinha a aparência de uma vaca.
Úlceras e feridas Isis Deusa da magia, também relacionada com a medicina antiga.
Chuva de pedras Nut Deusa do céu e criadora do universo.
Infestação de gafanhotos Set Deus da seca e da destruição.
Escuridão Deus do sol.
Morte dos primogênitos o Faraó Era visto como uma espécie de divindade, descendente do deus Rá.

As pragas do Egito realmente aconteceram?

Não há provas científicas ou históricas que certifiquem que o Egito foi realmente atingido pelas pragas. Entretanto, alguns pesquisadores afirmam que os fenômenos narrados na história bíblica poderiam ter acontecido, por causas naturais.

O rio Nilo com sangue poderia ser um caso do fenômeno chamado marés vermelhas. A infestação por rãs poderia ser uma consequência das marés vermelhas, com os animais fugindo das águas sem oxigênio.

Já a infestação de mosquitos, moscas, a peste nos animais e as úlceras nas pessoas poderiam estar relacionadas. Pois, a pele lesionada com as picadas atrairia moscas, que são animais que costumam provocar e se desenvolver em feridas, causando como consequência a peste e as úlceras.

A chuva de pedras seria uma forte chuva de granizo, provocada pela erupção de um vulcão no sul da Europa. Os três dias de escuridão também poderiam ser relacionados com a erupção de um vulcão.

A morte dos primogênitos teria relação com um aspecto cultural egípcio, em que os primeiros filhos tinham alguns hábitos comuns, como ser o primeiro a comer durante as refeições ou dormir no chão, um desses fatores em comum poderia ter causado a morte das várias pessoas.

Contudo, mesmo sem provas científicas, os relatos bíblicos das 10 pragas do Egito são plenamente aceitos tanto pelos Cristãos, Judeus como por crentes de outras religiões. Á semelhança dessas pragas, a Bíblia também descreve no livro de Apocalipse (Ap.16), que juízos punitivos como esses que acometeram os egípcios no passado, irão também acontecer no futuro, na Grande Tribulação do Juízo Final.

Vídeo sobre as Pragas do Egito

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Denise Alves
Revisão por Denise Alves
Mestre em Literatura pela Universidade de Coimbra, formanda em Teologia no IBP - Instituto Bíblico Português, licenciada em Letras pela UFMG, em Pedagogia pela UEMG.
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