Independência do Brasil

Juliana Bezerra
Revisão por Juliana Bezerra
Professora de História

A independência do Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1822 e foi declarada pelo então regente do país, D. Pedro. Foi às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, que D. Pedro fez a famosa declaração: "Independência ou morte".

Após este episódio, D. Pedro se tornou o primeiro imperador do Brasil, consagrando-se como D. Pedro I. O Império do Brasil existiu entre 1822 e 1889, quando houve o golpe republicano e foi decretada a República.

O processo de independência do Brasil

O processo de independência do Brasil deve ser entendido à luz dos acontecimentos na Europa no início do século XIX. Nesse momento, Napoleão Bonaparte dominava quase a totalidade da Europa Ocidental e tinha como sua principal inimiga a Inglaterra.

Em 1806, Napoleão determinou que as nações europeias deveriam fechar seus portos para as embarcações inglesas, com o objetivo de enfraquecer economicamente sua rival - essa medida ficou conhecida como Bloqueio Continental.

Portugal não desejava romper as relações com a Inglaterra, que era um importante parceiro comercial do país. Foi então que D. João, Príncipe-Regente de Portugal, decidiu transferir a corte portuguesa para o Brasil, garantindo aos ingleses o acesso ao mercado brasileiro e a manutenção da sua coroa.

Independência do BrasilEmbarque da família real portuguesa no dia 29 de novembro de 1807, em Belém, Lisboa.

A Coroa portuguesa no Brasil

A chegada da família real no Brasil deu início a uma série de mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais no país. A Coroa portuguesa decretou a abertura dos portos para comercialização e fez investimentos em educação e cultura.

Em 1815, D. João eleva o Brasil à condição de reino unido, isso significa que o Brasil deixava de ser colônia e passava a ser parte do reino de Portugal - esse foi um dos importantes marcos para a concretização da independência anos mais tarde.

Dentro do Brasil, nem todos concordavam com a presença da corte portuguesa e um dos principais episódios de revolta foi a Revolução Pernambucana (1817).

Insatisfeita com os altos impostos cobrados para o sustentar a família real e os conflitos em que D. João VI se envolveu, a população de Recife arma uma revolta contra a corte, com o objetivo de fundar outro país. Esse conflito foi violentamente reprimido pelo governo central.

Veja também: colonização.

Revolução Liberal do Porto

Uma vez terminado o perigo napoleônico, em Portugal crescia a insatisfação com a permanência da Família Real no Brasil. Portugal enfrentava uma forte crise política e econômica internamente e sua população não estava satisfeita com as liberdades econômicas que o Brasil vinha conquistando.

Em 1820, eclode a Revolução Liberal do Porto, um movimento que exigia o retorno da família real a Portugal, a instituição de uma Constituição e o retorno do Brasil à condição de colônia. Em abril de 1821, D. João VI retorna a Portugal e deixa seu filho e herdeiro D. Pedro como regente do Brasil.

Durante a regência de D. Pedro várias medidas impopulares - como o aumento dos impostos - foram adotadas por Portugal, o que foi aumentando a insatisfação dos que estavam no Brasil, alimentando o desejo pela independência.

Em dezembro de 1821, D. Pedro recebeu uma ordem para que retornasse a Portugal. Como reação a esse pedido, em janeiro de 1822, durante uma audiência no Senado, D. Pedro recebe uma petição assinada por 8 mil pessoas para que permanecesse no Brasil.

Foi no dia 9 de janeiro de 1822, também conhecido como o Dia do Fico, que D. Pedro disse a famosa frase:

Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Diga ao povo que fico.

O rompimento com Portugal tornava-se cada vez mais provável, e em maio foi decretada uma importante medida no Brasil: o Cumpra-se. Segundo essa norma, uma lei promulgada em Portugal só valeria se D. Pedro a tornasse válida no Brasil.

Portugal insiste em manter o seu domínio sobre o Brasil e em 28 de agosto de 1822 envia uma ordem para que o príncipe regente volte a Portugal. A princesa dona Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro, recebe a ordem e se convence sobre o rompimento com Portugal.

A princesa convoca uma sessão extraordinária do Conselho de Estado, ela assina a declaração de independência e envia a D. Pedro, que viajava para São Paulo. D. Pedro recebe a carta no dia 7 de setembro, quando estava às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.

Acredita-se que, nesse momento, D. Pedro tenha dito a famosa frase “Independência ou morte”, porém, não há evidências históricas que o comprovem.

Independência do BrasilDom Pedro e a multidão após a declaração de independência do Brasil, dia 7 de setembro de 1822. Óleo sobre tela de François-René Moreaux (1844).

Para tornar-se independente de Portugal, o Brasil teve ainda que pagar uma indenização de 2 mil libras esterlinas ao país. Para o pagamento dessa dívida, o Brasil recorreu a um empréstimo dos ingleses.

Independência da Bahia

Apesar de a independência do Brasil ter sido um episódio relativamente tranquilo em todo o país, isso não aconteceu na Bahia. Por lá, houve sangrentos conflitos até que as tropas portuguesas fossem derrotadas.

A Bahia só viria a se tornar independente no dia 2 de julho de 1823. Nesse intervalo de tempo, ocorrem diversas batalhas na região e um cerco a Salvador foi montado pelas tropas portuguesas.

Nesses conflitos, destacam-se duas importantes mulheres: Maria Quitéria e Joana Angélica. Maria Quitéria é considerada uma heroína da independência. Ela fingiu ser homem para poder entrar para o exército e lutar contra as tropas portuguesas.

Joana Angélica é considerada mártir da independência. Ela era abadessa do convento da Lapa e durante o ataque das tropas portuguesas ao local, permaneceu na porta para impedir a invasão, mas acabou sendo morta pelos soldados.

Principais acontecimentos que levaram à independência

  • 1808: Chegada da família real no Brasil
  • 1815: Elevação do Brasil à condição de reino unido
  • 1817: Revolução Pernambucana
  • 1820: Revolução Liberal do Porto
  • 1821: D. João VI retorna a Portugal
  • 9 de janeiro de 1822: Dia do Fico
  • 7 de setembro de 1822: Grito da independência

Hino da Independência do Brasil

A música do hino da Independência do Brasil foi composta pelo próprio imperador D. Pedro I.

A letra do hino, no entanto, foi feita por Evaristo da Veiga (1799 – 1837), poeta e jornalista brasileiro.

Veja também:

Juliana Bezerra
Revisão por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Outros conteúdos que podem interessar