Mito de Narciso

Eva Andrés Vicente
Revisão por Eva Andrés Vicente
Licenciada em Filologia Clássica

O mito de Narciso é uma das histórias mais famosas da mitologia grega. Segundo o mito, Narciso era tão belo e tão vaidoso que, após desprezar inúmeras pretendentes, acabou se apaixonando pelo próprio reflexo. Morreu de fome e sede à beira da fonte de água onde via sua imagem refletida.

O mito nos ensina que o excesso de vaidade e falta de empatia pelos outros podem ser prejudiciais. Narciso se tornou símbolo do individualismo e do excesso de amor próprio.

Resumo da história de Narciso

A versão mais conhecida do mito de Narciso é aquela contada pelo poeta romano Ovídio (43 a.C.-18 d.C.) em sua obra Metamorfoses.

Diz o mito que Narciso é filho da ninfa Liríope e de Céfiso, deus dos lagos. Certa vez, quando Narciso ainda era uma criança, sua mãe procurou o adivinho Tirésias para saber se o filho teria uma vida longa. A resposta deixou Liríope perturbada: “Ele só viverá muito se não se conhecer”.

Desde pequeno, Narciso chamava a atenção pela sua beleza. E conforme os anos foram passando, não faltaram pretendentes, tanto meninas quanto meninos, interessados pelo belo rapaz. Mas Narciso não queria saber de ninguém: desprezava todos.

Certo dia, enquanto caçava no bosque, Narciso foi surpreendido por Eco, uma ninfa condenada a repetir o final das frases que os outros falavam. Essa maldição havia sido imposta pela deusa Hera, irritada com o fato da ninfa distraí-la com sua tagarelice enquanto Zeus, seu marido, se encontrava com suas amantes.

O diálogo entre Narciso e Eco, como se pode imaginar, não foi nada bom. Eco só conseguia repetir as últimas palavras que Narciso dizia. Confuso e um tanto irritado, Narciso repeliu Eco no momento em que a ninfa tentou abraçá-lo.

Sentindo-se rejeitada, a pobre Eco se isolou no meio do bosque e já não queria mais comer nem beber. Tempos depois, ela morreu, mas sua voz permaneceu. Eis a origem do eco.

Após o incidente com Eco, Narciso continuou desprezando todo mundo que ousasse querer conquistá-lo. Até que um dia uma ninfa clamou aos deuses que Narciso fosse punido. E a punição veio pelas mãos de Nêmesis, a deusa da vingança.

Durante um passeio pelo bosque, Narciso encontrou uma fonte de água cristalina que até então nenhum ser vivo havia tocado. Debruçou-se sobre a fonte e, sem se dar conta de que se tratava de seu próprio reflexo, viu um belíssimo jovem olhando diretamente para ele. O deslumbramento foi tão grande que Narciso não conseguia parar de olhar para aquele misterioso rapaz. Estava, enfim, apaixonado.

Mas logo veio a decepção. O amor de Narciso não era correspondido. Nem abraçar o seu amado ele podia. Apesar disso, recusou-se a abandonar a fonte de água, na esperança de que um dia pudesse concretizar o seu amor. Mas isso jamais aconteceu.

Profundamente deprimido, Narciso deixou de comer e beber e acabou definhando à beira da fonte de água. No lugar onde morreu, nasceu uma flor amarela e branca, que hoje conhecemos pelo nome de narciso.

Significado do mito de Narciso

Narciso era tão arrogante e se sentia tão especial que, aos seus olhos, ninguém era bom o bastante para ele. Seu excesso de vaidade fez com que só se apaixonasse por alguém de sua categoria: no caso, ele mesmo! Assim, o mito pode ser lido como uma crítica ao egocentrismo e ao excesso de vaidade.

Narciso Caravaggio

Narciso, do pintor italiano Caravaggio (1571-1610).

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Eva Andrés Vicente
Revisão por Eva Andrés Vicente
Licenciada em Filologia Clássica pela Universidade Complutense de Madrid (2007). Professora de aulas particulares de latim, grego e língua espanhola entre 2006 e 2009. Criadora de conteúdos online desde maio de 2021.
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