Cor de pele parda e preta: o que são e o que significa ser negro no Brasil
Pardo e preto são dois dos cinco grupos de cor e raça definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), juntamente com brancos, amarelos e indígenas.
O termo preto toma como referência a ascendência oriunda de nativos da África, independentemente do território ou construção social, e é identificado pelo fenótipo manifestado por sua pele de cor escura.
Por pardo, entende-se a pessoa que possui ascendência étnica de mais de um grupo, ou seja, mestiça. Essa miscigenação engloba:
- Descendentes de negros e brancos
- Descendentes de negros com indígenas
- Descendentes de indígenas com brancos
Além de outras possíveis interações inter-raciais diretas ou indiretas.
Já o conceito de negro é definido pelo Estatuto da Igualdade Racial como: "O conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga."
Há argumentos contrários à classificação de pretos e pardos em um mesmo grupo. Algumas correntes de pesquisa afirmam que pretos sofrem muito mais discriminação. Segundo a teoria do colorismo, quanto mais escura a cor da pele de uma pessoa, maior o racismo sofrido em nossa sociedade.
Negros ou pretos: qual o termo mais correto?
A discussão acerca do termo mais apropriado varia segundo as construções culturais e o uso da língua. Entretanto, no Brasil, caminha-se para o consenso de que ambos os termos são aceitos, fundamentando-se na escolha e autoidentificação dos indivíduos ou grupos.
Para o IBGE, negro está relacionado à questão racial, enquanto preto refere-se exclusivamente à cor da pele.
Quem é considerado preto ou pardo?
Segundo o pesquisador do IPEA Rafael Osório, existem três métodos de identificação racial:
- Autoatribuição de pertença (autoidentificação): o próprio sujeito se identifica com um grupo.
- Heteroatribuição de pertença (heteroidentificação): outra pessoa identifica o grupo ao qual o sujeito pertence.
- Identificação biológica: feita por meio de análise genética.
O sistema classificatório do IBGE utiliza principalmente os métodos da autoidentificação e heteroidentificação.
Origem dos termos preto e pardo, e uso no censo brasileiro
O termo pardo tem sua origem na história do Brasil, sendo registrado por Pero Vaz de Caminha em 1500. Em sua carta ao rei de Portugal, ele descrevia os indígenas como pardos. Etimologicamente, a palavra deriva de pardus, que significa "leopardo" em latim.
Já o termo preto era utilizado na primeira metade do século XIX para designar africanos, enquanto o termo "crioulo" era usado para os negros nascidos no Brasil. Posteriormente, preto passou a englobar tanto os africanos quanto seus descendentes.
Os termos preto e pardo foram utilizados já no primeiro censo brasileiro, realizado em 1872. No censo de 1890, o termo pardo foi substituído por "mestiço", mas retornou no censo de 1940 e permanece em uso até hoje.
Quadro comparativo: Preto, Pardo e Negro
Categoria | Definição | Origem | Uso pelo IBGE |
---|---|---|---|
Preto | Pessoa de pele escura, com ancestralidade africana | Designava africanos escravizados; passou a incluir também seus descendentes | Cor da pele (quesito “cor ou raça”) |
Pardo | Pessoa de origem mestiça (branca, negra e/ou indígena) | Uso registrado desde 1500 para descrever indígenas e mestiços | Cor da pele (quesito “cor ou raça”) |
Negro | Categoria política e social que reúne pretos e pardos | Termo definido pelo Estatuto da Igualdade Racial | Não é uma cor, mas sim uma classificação racial agregada |
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