Humanismo

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Humanismo é uma corrente de pensamento que valoriza o ser humano, suas capacidades intelectuais, emocionais e criativas. Em um sentido amplo, significa colocar o ser humano como centro das reflexões sobre o mundo, a cultura, a ciência e a vida em sociedade.

O Humanismo surgiu na Europa, especialmente na Itália, no final do século XIV, e se consolidou durante o Renascimento. Foi um movimento que marcou a transição da Idade Média para a Idade Moderna, e se caracterizou por um rompimento com a visão teocêntrica medieval (Deus como centro de tudo), dando lugar ao antropocentrismo (o homem no centro do universo).

Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica greco-romana, o humanismo buscava conhecimento, liberdade de pensamento e progresso humano sem depender exclusivamente da religião. Foi essencial para o desenvolvimento das artes, da ciência e da filosofia moderna.

Características do Humanismo

Em linhas gerais, o Humanismo pode ser reconhecido por um conjunto de traços filosóficos, éticos e culturais que, embora interligados, podem ser agrupados nos eixos a seguir:

1. Antropocentrismo e resgate clássico

Substitui o teocentrismo medieval, colocando o ser humano, e não a divindade, no centro das reflexões, enquanto retoma os ideais de beleza, equilíbrio e investigação da Grécia e de Roma antigas.

2. Racionalismo e confiança na ciência

Os humanistas defendem que apenas a razão, a observação e o método científico produzem conhecimento confiável, dispensando explicações sobrenaturais.

3. Ética fundamentada em valores humanos

Virtudes como honestidade, justiça e empatia são entendidas como construções sociais que evoluem a partir da experiência e da convivência, e não de mandamentos divinos.

4. Responsabilidade pelos próprios atos

Ao rejeitar interferências divinas, a corrente atribui à humanidade a responsabilidade plena por seus problemas, escolhas e soluções.

5. Pluralidade e debate de ideias

O contraste de visões, inclusive críticas à religião, é visto como motor do progresso intelectual e social; daí o forte estímulo ao pensamento crítico.

6. Busca da realização nesta vida

Sem expectativa de recompensas ou punições ultraterrenas, o foco recai sobre felicidade, liberdade e desenvolvimento pessoal aqui e agora.

7. Ausência de dogmas e abertura à revisão

Certezas absolutas são consideradas incompatíveis com o espírito humanista; toda ideia deve estar aberta a questionamentos e ajustes.

8. Inovação artística e literária

O interesse renovado pelo ser humano leva artistas a desenvolver técnicas como a perspectiva linear e o ponto de fuga, além de retratar com precisão anatômica as emoções e proporções do corpo.

Humanismo nas artes e nas ciências

No campo artístico, o Humanismo deu origem a uma nova maneira de representar o ser humano. As artes passaram a retratar o corpo, as emoções e a natureza com realismo e equilíbrio, seguindo os padrões da beleza clássica.

Obras de artistas como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Botticelli mostravam essa valorização da figura humana e do conhecimento anatômico. Técnicas como a perspectiva com ponto de fuga foram desenvolvidas para dar profundidade e simetria às pinturas.

Nas ciências, o pensamento humanista incentivou o estudo da natureza e a observação do mundo real. Áreas como física, matemática, medicina e astronomia avançaram rapidamente, com o abandono das explicações religiosas e o uso do método científico.

Humanismo na literatura

Na literatura, o Humanismo se expressou por meio de autores que abordavam temas ligados à condição humana, ao amor, à moral e ao cotidiano. A poesia ganhou traços mais racionais, e os escritores passaram a utilizar a linguagem como forma de educar e refletir sobre a vida.

Entre os principais nomes estão:

  • Dante Alighieri: autor de A Divina Comédia
  • Francesco Petrarca: conhecido por seus sonetos e pelo Cancioneiro
  • Giovanni Boccaccio: autor do Decameron
  • Michel de Montaigne: com seus Ensaios
  • Thomas More: autor de Utopia

No Humanismo português, destaca-se a poesia palaciana (feita nas cortes), o cronista Fernão Lopes e o dramaturgo Gil Vicente, que representam bem o espírito de transição entre a Idade Média e o Renascimento.

Humanismo e Renascimento

O Humanismo foi a base ideológica do Renascimento, movimento artístico e científico que redefiniu a cultura europeia entre os séculos XIV e XVII. Ambos os movimentos estão ligados à redescoberta dos ideais clássicos e à valorização do ser humano como agente de mudança e criação.

Humanismo e Classicismo

O classicismo foi uma vertente artística e literária do Humanismo que valorizava a harmonia, a clareza e a perfeição formal, seguindo os modelos da Antiguidade. Este movimento foi mais visível nas artes visuais e na arquitetura, e buscava recuperar os padrões estéticos da Grécia e de Roma.

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