Conjunções subordinativas

Igor Alves
Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

As conjunções subordinativas são palavras invariáveis que ligam duas orações, estabelecendo entre elas uma relação de dependência. Uma das orações, chamada de subordinada, depende da outra, a principal, para ter sentido completo.

Exemplos:

  1. "Não saí de casa porque estava chovendo."
  2. "O menino fez tudo conforme você pediu."

No primeiro exemplo, a oração principal é "Não saí de casa" e a oração subordinada "porque estava chovendo". A conjunção "porque" é usada para indicar a razão ou causa pela qual a ação da oração principal não foi realizada.

Já no segundo exemplo, a oração principal é "O menino fez tudo" e a oração subordinada "conforme você pediu" mostra que a ação foi realizada segundo o pedido feito. Assim, "conforme" estabelece uma relação de conformidade entre as duas orações.

Existem dez tipos de conjunções subordinativas, cada uma estabelecendo um tipo específico de relação entre as orações. São eles: causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, integrantes, proporcionais e temporais.

Tipos Conjunções Exemplos
Causais

porque, pois, visto que, já que, na medida em que, que, visto como, uma vez que, como (sempre anteposto à oração principal), porquanto, haja vista que.

"Ele não foi à escola porque estava doente."
Comparativas como, assim como, tal qual, que, (do) que, (tanto) quanto / como, tão... quanto. "Pedro corre tão rápido quanto o irmão."
Concessivas embora, ainda que, se bem que, mesmo que, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que, apesar de, não obstante, malgrado, conquanto, em que pese (a), sem embargo (= apesar disso). "Embora estivesse cansada, Juliana terminou o trabalho."
Condicionais

se, caso, se não, exceto se, desde que, contanto que, a não ser que, sem que, salvo se.

"Se chover, não iremos à praia."
Conformativas conforme, como, segundo, consoante. "Fiz tudo conforme o combinado."
Consecutivas que, tal que, tanto que, de sorte que, de modo que, de forma que, tamanho que. "Estudou tanto que passou no vestibular.
Finais para que, porque, a fim de que, para, a fim de. "Parei de comer besteira a fim de melhorar minha saúde."
Integrantes que, se. "Não sabia que você viria."
Proporcionais à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais... mais, quanto mais... menos, quanto menos... mais, quanto menos... menos. À medida que treinava, mais forte ficava.
Temporais quando, enquanto, logo que, antes que, depois que, até que, mal, sempre que, eis que.

"Quando cheguei, a reunião já havia começado."

Conjunções subordinativas

Conjunções subordinativas causais

Conjunções subordinativas causais iniciam uma oração subordinada que indica causa ou razão. São elas: porque, pois, visto que, já que, na medida em que, que, visto como, uma vez que, como (sempre anteposto à oração principal), porquanto, haja vista que.

Exemplos:

  • "Não fui à festa porque estava sem dinheiro."
  • "Como estava relampejando, não saí de casa."
  • "Visto que ele não estudou, não passou na prova."
  • "O projeto foi cancelado, uma vez que não conseguimos obter financiamento."

Conjunções subordinativas comparativas

Conjunções subordinativas comparativas estabelecem uma comparação entre a oração principal e subordinada. São elas: como, assim como, tal qual, que, (do) que, (tanto) quanto / como, tão... quanto.

Exemplos:

  • "Ela é inteligente como a irmã."
  • "Joaquim é mais alto que eu."
  • "Este livro é menos interessante que o outro."
  • "Falava francês tão bem quanto o professor."

Conjunções subordinativas concessivas

Conjunções subordinativas concessivas iniciam uma oração subordinada que apresenta um fato contrário à ação da oração principal, mas que não impede a sua realização. São elas: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que, apesar de, não obstante, malgrado, conquanto, em que pese (a), sem embargo (= apesar disso).

Exemplos:

  • "Vou ao parque, embora esteja chovendo."
  • "Foi aprovado no exame, ainda que não tenha estudado muito."
  • "Mesmo que não queira, terá que ir à reunião."
  • "Apesar de ser rico, é muito humilde."

Conjunções subordinativas condicionais

Conjunções subordinativas condicionais iniciam uma oração subordinada que indica uma hipótese ou condição necessária para que algo seja realizado ou não. São elas: se, caso, se não, exceto se, desde que, contanto que, a não ser que, sem que, salvo se.

Exemplos:

  • "Desde que você me avise com antecedência, posso te ajudar."
  • "Se você não se esforçar, não conquistará seus objetivos."
  • "Salvo se você mudar de ideia, iremos ao cinema."
  • "Caso você precise de ajuda, me avise."

Conjunções subordinativas conformativas

Conjunções subordinativas conformativas iniciam uma oração subordinada que expressa conformidade ou semelhança. São elas: conforme, como, segundo, consoante.

Exemplos:

  • "Conforme o médico indicou, ele deve repousar por alguns dias."
  • "Segundo os especialistas, a economia deve crescer no próximo semestre."
  • "Como foi combinado, encontraremos na estação às 10h."
  • "Consoante a previsão do tempo, fará sol amanhã."

Conjunções subordinativas consecutivas

Conjunções subordinativas consecutivas iniciam uma oração subordinada que indica a consequência do que foi declarado na oração principal. São elas: que, tal que, tanto que, de sorte que, de modo que, de forma que, tamanho que.

Exemplos:

  • "A fila estava tão grande que desisti de comprar o ingresso."
  • "A tempestade foi de tal forma intensa que as ruas ficaram alagadas."
  • "O professor explicou a matéria com tal clareza que todos entenderam."
  • "O filme foi tão emocionante que chorei."

Conjunções subordinativas finais

Conjunções subordinativas finais iniciam uma oração subordinada que expressa a finalidade da oração principal. São elas: para que, porque, a fim de que, para, a fim de.

Exemplos:

  • "A fim de que todos entendessem, o professor repetiu a explicação."
  • "Treinou todos os dias para vencer a competição."
  • "Porque queria impressioná-la, comprou um buquê de rosas."
  • "Estudou bastante com o intuito de passar no exame."

Conjunções subordinativas integrantes

Conjunções subordinativas integrantes servem para introduzir uma oração que funciona como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração. São as conjunções "que" e "se".

Exemplos:

  • "Não sei se me viste."
  • "Tenho certeza de que gosta de mim."
  • "João garantiu que sim, voltaria."
  • "Não sabia se ia ou se voltava."

Conjunções subordinativas proporcionais

Conjunções subordinativas proporcionais iniciam uma oração subordinada que menciona um fato realizado ou para realizar-se ao mesmo tempo que ação indicada na oração principal. São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais... mais, quanto mais... menos, quanto menos... mais, quanto menos... menos.

Exemplos:

  • "Quanto mais ele falava, mais confuso ficava."
  • "À proporção que o tempo passava, a saudade aumentava."
  • "Ao passo que os preços aumentavam, o poder de compra diminuía."
  • "À proporção que estudava, ia compreendendo melhor a matéria."

Conjunções subordinativas temporais

Conjunções subordinativas temporais que iniciam uma oração subordinada que indica circunstância de tempo. São elas: quando, enquanto, logo que, antes que, depois que, até que, mal, sempre que, eis que.

Exemplos:

  • "Quando eu era criança, adorava brincar de esconde-esconde."
  • "Assim que terminou a prova, ela foi embora."
  • "Antes que você vá, dê cá um abraço."
  • "Sempre que chovia, o rio transbordava."

Conjunções subordinativas e coordenativas

Conjunções subordinativas e coordenativas são palavras ou expressões usados para conectar orações e estabelecer relações entre elas. No entanto, fazem isso de maneiras diferentes.

As conjunções subordinativas, como visto acima, ligam uma oração principal a uma oração subordinada, estabelecendo uma relação de dependência entre elas. A oração subordinada, chamada de oração subordinada, depende da oração principal para ter sentido completo.

Exemplo:

"Ele comeu tanto que passou mal."

Neste exemplo, a conjunção subordinativa "que" é usada para introduzir uma oração subordinada consecutiva.

As conjunções coordenativas, por sua vez, ligam orações ou termos que têm independência sintática, ou seja, cada oração ou termo pode existir separadamente e ainda fazer sentido. Portanto, não há uma relação de dependência entre as partes conectadas.

Exemplo:

"Ele come e dorme."

No exemplo, as duas orações têm sentido completo sozinhas, sendo ligadas pela conjunção aditiva "e".

Exercícios

Leia:

"Imagine que você esteja perdido em Pequim, na China, onde é muito difícil encontrar alguém que fale outra língua que não o chinês. Suponha que você esteja passando mal e precise ir a um hospital. Quanto mais o tempo passa, mais a dor aumenta. E mais difícil se torna a sua comunicação com as pessoas em volta. Você olha as placas, mas não entende nada. Procura uma lista telefônica e entende menos ainda. Já pensou se tivesse de trabalhar nesse lugar? Terrível, não?

Essa sensação de insegurança ajuda a entender uma imensa parcela da população brasileira. Um analfabeto ou semianalfabeto comporta-se, na prática, da mesma forma como você se comportaria se estivesse perdido numa rua de Pequim. Esse exemplo ajuda a entender mais sobre a mortalidade infantil e o círculo vicioso da miséria.

Confuso? Afinal, o que o analfabetismo tem a ver com a mortalidade infantil?

É simples. O nível de instrução da mãe é um elemento vital para que a família perceba a necessidade de higiene e de saneamento básico.

Números do Unicef mostram que a taxa de mortalidade infantil chega ao seu ponto máximo nas famílias em que a mãe é analfabeta. A morte de crianças pequenas entre filhos de mulheres que frequentam a escola por menos de um ano é cerca de três vezes maior do que em famílias nas quais a mãe estudou por mais de oito anos."

DIMENSTEIN, Gilberto. “O cidadão de papel”. São Paulo: Ática, 2002

1. No trecho “Quanto mais o tempo passa, mais a dor aumenta”, a conjunção subordinativa, identificada na questão anterior, exprime:

a) tempo

b) consequência

c) proporcionalidade

d) concessão

2. No trecho “Um analfabeto ou semianalfabeto comporta-se, na prática, da mesma forma como você se comportaria [...]”, a conjunção subordinativa “como” introduz a ideia de:

a) conformidade

b) causa

c) exemplificação

d) finalidade

3. No segmento “O nível de instrução da mãe é um elemento vital para que a família perceba a necessidade [...]”, conjunção subordinativa grifada é:

a) condicional

b) final

c) integrante

d) causal

RESPOSTAS: 1 c), 2 a), 3 b)

Bibliografia:

  • ABAURRE, Maria Luiza M. Gramática do texto: análise e construção de sentido. São Paulo: Moderna, 2010.
  • CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Lisboa: Edições Sá da Costa, 1991.

Veja também:

Igor Alves
Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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