Fases da Revolução Industrial: características e mudanças na produção
Quais as diferenças entre as fases da Revolução Industrial?
A Revolução Industrial é um processo dividido em três fases, cada fase remete a uma mudança no modo produção e suas consequências na transformação da sociedade.
A Primeira Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século XVIII, é marcada pelo surgimento da máquina a vapor e na transição da manufatura para a produção em larga escala (maquinofatura).
A Segunda Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX, marcada pela utilização da energia elétrica e pela organização dos operários.
E, a Terceira Revolução Industrial, que ocorre desde o fim da Segunda Guerra Mundial, possuindo como características principais, os avanços tecnológicos e a otimização do processo industrial.
Primeira Revolução Industrial | Segunda Revolução Industrial | Terceira Revolução Industrial | |
---|---|---|---|
Características |
Rompimento com o modo de produção da manufatura. Processo de urbanização Industrialização |
Industrialismo Capitalismo monopolista Racionalização e controle da produção |
Hiperprodução Hiperconsumo Globalização Monopólio das grandes empresas |
Tecnologia empregada |
Tear mecânico Máquina de fiar Máquina a vapor Carvão |
Luz elétrica Lâmpada incandescente Motor elétrico Esteira de montagem Fabricação de aço Meios de comunicação (telégrafo, telefone) |
Eletrônica Robótica Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) |
Local | Inglaterra | Países da Europa, Estados Unidos e Japão |
Por todo o globo Empresas multinacionais |
Período | 1750-1850 | 1850-1950 | 1950-presente |
Primeira Revolução Industrial (1750 – 1850)
A primeira revolução industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Alguns fatores contribuíram para o seu desenvolvimento.
O endurecimento das leis sobre a propriedade de terras no campo forçou o deslocamento de pessoas para os centros urbanos do país. Isso formou uma abundante de mão de obra ociosa, que aliada a uma economia próspera e um setor manufatureiro muito desenvolvido, permitiu grandes investimentos na produção.
O aumento das demandas do mercado interno e externo exigiu a aceleração da produção. Foram implementadas novas técnicas de produção com o auxílio das primeiras máquinas mecânicas. O aumento da produção gerou lucro e permitiu mais investimentos em novas tecnologias.
A invenção do tear mecânico e da máquina de fiar impulsionou a produção têxtil e a invenção da máquina a vapor revolucionou o modo de produção.
Um número de trabalhadores cada vez maior foi exigido nas fábricas até que no início do século XIX, o desenvolvimento do maquinário começou a substituir a necessidade de mão de obra. As máquinas substituíram parte dos trabalhadores, dando origem a revoltas organizadas como o ludismo.
O ludismo foi um movimento de trabalhadores que seguindo o exemplo de Ned Ludd, passou a destruir as máquinas e interromper a produção.
Outro movimento de trabalhadores surgido na época foi o cartismo, a organização reivindicava em sua Carta ao Povo, melhores condições de trabalho e participação na política.
A transformação da antiga manufatura em produção em grande escala da maquinofatura durou até a metade do século XIX, quando novos avanços inauguram outra fase da revolução industrial.
Segunda Revolução Industrial (1850 – 1950)
A Segunda Revolução Industrial ocorre em decorrência do exemplo dado pela Inglaterra. Outros países europeus como a França, a Bélgica, a Itália e a Alemanha passam a investir no setor industrial.
Fora do território europeu, os principais países a se industrializar foram os Estados Unidos e o Japão.
Os investimentos na produção fabril tornaram possível a implementação da energia elétrica na produção. A invenção da lâmpada e posteriormente, do motor elétrico levaram a produção a um novo estágio.
Nasce a produção em série, e a otimização da produção a partir de sua segmentação e criação da linha de montagem. Essa proposta foi desenvolvida por Henry Ford e ficou conhecida como fordismo.
No fordismo, os trabalhadores não participam mais de todo o processo produtivo, a invenção da esteira de montagem faz com que os empregados fiquem encarregados de tarefas curtas e simples e se tornem especializados nela, acelerando a produção.
Com essa mudança é o produto que percorre toda a fábrica na esteira de montagem, enquanto o trabalhador executa a tarefa em sua posição determinada.
A produção em série diminui os custos por produto e aumenta o lucro do industrial.
Ainda como forma de otimizar a produção, o engenheiro Frederick Taylor, propôs a racionalização do processo produtivo a partir da supervisão e do controle, utilizando o máximo do potencial dos trabalhadores e das máquinas.
Esse processo de controle da produção e chamado de taylorismo e aliado ao fordismo são as principais marcas da segunda fase da Revolução Industrial.
Terceira Revolução Industrial (1950 – presente)
A Terceira Revolução Industrial é a revolução digital, da eletrônica, da robótica e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
Os avanços tecnológicos, ocorridos após a Segunda Guerra Mundial, possibilitaram uma produção muito além da demanda de produtos. Com isso, gerou-se a necessidade de encontrar meios para a assimilação da produção. As duas principais saídas foram:
- O hiperconsumo - estímulo a um consumo acima das necessidades
- A busca por novos mercados consumidores
Para o sucesso dessa fase da Revolução Industrial, o desenvolvimento dos meios de transporte foi crucial. Com a hiperprodução, tornou-se necessário o desenvolvimento de escoar a produção.
O transporte marítimo e aéreo permitiu a conquista de novos mercados consumidores, que antes encontravam-se distantes demais, com custos que inviabilizavam o comércio.
Por outro lado, a diminuição dos custos da implementação de tecnologias permitiu a instalação de indústrias em novos países, como é o caso do Brasil. Nesses países, ocorreu o que foi chamado de industrialização tardia.
Nesse contexto, houve o desenvolvimento de empresas com sedes em diferentes países, chamadas de empresas multinacionais.
Vale lembrar que durante boa parte da segunda metade do século XX, o mundo esteve polarizado entre o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos e o bloco socialista, liderado pela União Soviética. Cada bloco desenvolveu suas indústrias e organizava a sua produção.
Com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, o último obstáculo para a produção cai e a década de 1990 é marcada pelo início do processo de globalização.
Isso possibilitou a segmentação da produção em diversos países, as áreas de controle e de produção da indústria não precisavam estar mais no mesmo local. Deu-se início a um processo de terceirização de segmentos da produção em busca de locais mais atrativos, que pudessem reduzir ainda mais os custos, maximizando os lucros.
Surgem as empresas transnacionais, segmentadas por todo o globo terrestre e que marcam essa fase da Revolução Industrial.
Veja também:
- Diferenças entre taylorismo, fordismo e toyotismo
- Segunda Revolução Industrial
- Tecnologia: o que é (resumo do conceito)
- Manufatura: o que é e importância na revolução industrial
- Terceira Revolução Industrial
- Revolução Industrial
- Fordismo
- Taylorismo
- Primeira Revolução Industrial
- Capitalismo industrial