Fases da Revolução Industrial: características e mudanças na produção

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

Quais as diferenças entre as fases da Revolução Industrial?

A Revolução Industrial é um processo dividido em três fases, cada fase remete a uma mudança no modo produção e suas consequências na transformação da sociedade.

A Primeira Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século XVIII, é marcada pelo surgimento da máquina a vapor e na transição da manufatura para a produção em larga escala (maquinofatura).

A Segunda Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX, marcada pela utilização da energia elétrica e pela organização dos operários.

E, a Terceira Revolução Industrial, que ocorre desde o fim da Segunda Guerra Mundial, possuindo como características principais, os avanços tecnológicos e a otimização do processo industrial.

Primeira Revolução Industrial Segunda Revolução Industrial Terceira Revolução Industrial
Características

Rompimento com o modo de produção da manufatura.

Processo de urbanização

Industrialização

Industrialismo

Capitalismo monopolista

Racionalização e controle da produção

Hiperprodução

Hiperconsumo

Globalização

Monopólio das grandes empresas

Tecnologia empregada

Tear mecânico

Máquina de fiar

Máquina a vapor

Carvão

Luz elétrica

Lâmpada incandescente

Motor elétrico

Esteira de montagem

Fabricação de aço

Meios de comunicação (telégrafo, telefone)

Eletrônica

Robótica

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)

Local Inglaterra Países da Europa, Estados Unidos e Japão

Por todo o globo

Empresas multinacionais

Período 1750-1850 1850-1950 1950-presente

Primeira Revolução Industrial (1750 – 1850)

A primeira revolução industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Alguns fatores contribuíram para o seu desenvolvimento.

O endurecimento das leis sobre a propriedade de terras no campo forçou o deslocamento de pessoas para os centros urbanos do país. Isso formou uma abundante de mão de obra ociosa, que aliada a uma economia próspera e um setor manufatureiro muito desenvolvido, permitiu grandes investimentos na produção.

O aumento das demandas do mercado interno e externo exigiu a aceleração da produção. Foram implementadas novas técnicas de produção com o auxílio das primeiras máquinas mecânicas. O aumento da produção gerou lucro e permitiu mais investimentos em novas tecnologias.

A invenção do tear mecânico e da máquina de fiar impulsionou a produção têxtil e a invenção da máquina a vapor revolucionou o modo de produção.

Máquina de fiar exposta em museu
Máquina de fiar

Um número de trabalhadores cada vez maior foi exigido nas fábricas até que no início do século XIX, o desenvolvimento do maquinário começou a substituir a necessidade de mão de obra. As máquinas substituíram parte dos trabalhadores, dando origem a revoltas organizadas como o ludismo.

O ludismo foi um movimento de trabalhadores que seguindo o exemplo de Ned Ludd, passou a destruir as máquinas e interromper a produção.

Outro movimento de trabalhadores surgido na época foi o cartismo, a organização reivindicava em sua Carta ao Povo, melhores condições de trabalho e participação na política.

A transformação da antiga manufatura em produção em grande escala da maquinofatura durou até a metade do século XIX, quando novos avanços inauguram outra fase da revolução industrial.

Segunda Revolução Industrial (1850 – 1950)

A Segunda Revolução Industrial ocorre em decorrência do exemplo dado pela Inglaterra. Outros países europeus como a França, a Bélgica, a Itália e a Alemanha passam a investir no setor industrial.

Fora do território europeu, os principais países a se industrializar foram os Estados Unidos e o Japão.

Os investimentos na produção fabril tornaram possível a implementação da energia elétrica na produção. A invenção da lâmpada e posteriormente, do motor elétrico levaram a produção a um novo estágio.

Nasce a produção em série, e a otimização da produção a partir de sua segmentação e criação da linha de montagem. Essa proposta foi desenvolvida por Henry Ford e ficou conhecida como fordismo.

LInha de montagem em uma fábrica da Ford em 1913
LInha de montagem em uma fábrica da Ford (1913)

No fordismo, os trabalhadores não participam mais de todo o processo produtivo, a invenção da esteira de montagem faz com que os empregados fiquem encarregados de tarefas curtas e simples e se tornem especializados nela, acelerando a produção.

Com essa mudança é o produto que percorre toda a fábrica na esteira de montagem, enquanto o trabalhador executa a tarefa em sua posição determinada.

A produção em série diminui os custos por produto e aumenta o lucro do industrial.

Ainda como forma de otimizar a produção, o engenheiro Frederick Taylor, propôs a racionalização do processo produtivo a partir da supervisão e do controle, utilizando o máximo do potencial dos trabalhadores e das máquinas.

Esse processo de controle da produção e chamado de taylorismo e aliado ao fordismo são as principais marcas da segunda fase da Revolução Industrial.

Terceira Revolução Industrial (1950 – presente)

A Terceira Revolução Industrial é a revolução digital, da eletrônica, da robótica e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Os avanços tecnológicos, ocorridos após a Segunda Guerra Mundial, possibilitaram uma produção muito além da demanda de produtos. Com isso, gerou-se a necessidade de encontrar meios para a assimilação da produção. As duas principais saídas foram:

  • O hiperconsumo - estímulo a um consumo acima das necessidades
  • A busca por novos mercados consumidores

Para o sucesso dessa fase da Revolução Industrial, o desenvolvimento dos meios de transporte foi crucial. Com a hiperprodução, tornou-se necessário o desenvolvimento de escoar a produção.

Linha de montagem com robôs industriais
Linha de montagem com robôs industriais

O transporte marítimo e aéreo permitiu a conquista de novos mercados consumidores, que antes encontravam-se distantes demais, com custos que inviabilizavam o comércio.

Por outro lado, a diminuição dos custos da implementação de tecnologias permitiu a instalação de indústrias em novos países, como é o caso do Brasil. Nesses países, ocorreu o que foi chamado de industrialização tardia.

Nesse contexto, houve o desenvolvimento de empresas com sedes em diferentes países, chamadas de empresas multinacionais.

Vale lembrar que durante boa parte da segunda metade do século XX, o mundo esteve polarizado entre o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos e o bloco socialista, liderado pela União Soviética. Cada bloco desenvolveu suas indústrias e organizava a sua produção.

Com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, o último obstáculo para a produção cai e a década de 1990 é marcada pelo início do processo de globalização.

Isso possibilitou a segmentação da produção em diversos países, as áreas de controle e de produção da indústria não precisavam estar mais no mesmo local. Deu-se início a um processo de terceirização de segmentos da produção em busca de locais mais atrativos, que pudessem reduzir ainda mais os custos, maximizando os lucros.

Surgem as empresas transnacionais, segmentadas por todo o globo terrestre e que marcam essa fase da Revolução Industrial.

Veja também:

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).
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