Grécia Antiga
A Grécia Antiga é o período da civilização grega que se estende dos tempos Homéricos (séculos XIV-IX a.C.) até o fim da Antiguidade (476 d.C.), antes da Idade Média e da era bizantina.
A ascensão das pólis, as cidades estado gregas, ocorreu aproximadamente após o colapso da civilização Micênica, culminando com a expansão colonial grega pelo Mediterrâneo.
Durante a Grécia Clássica (séc. V-IV a.C)., destacaram-se as guerras com a Pérsia e as conquistas de Alexandre, o Grande, que estenderam a influência helenística da Ásia Central ao Mediterrâneo ocidental.
A cultura grega clássica exerceu uma profunda influência sobre a Roma Antiga, que a difundiu pela Europa. Considerada o berço da civilização ocidental, a Grécia Antiga deixou um legado duradouro em praticamente todos os domínios do conhecimento.
Em um curto espaço de tempo e com uma população limitada, a Grécia Antiga explorou e avançou em diversas áreas do saber, exercendo uma profunda influência sobre a cultura ocidental.
Mapa e Localização da Grécia Antiga
Localizada no sul da Europa, a Grécia Antiga se desenvolveu em uma região com solo pouco fértil e muitas montanhas, abrangendo a Península Balcânica, as Ilhas do Mar Egeu (Grécia Insular) e o litoral da Ásia Menor (Grécia Asiática).
A partir do século VIII a.C., os gregos ampliaram ainda mais esse território, fundando colônias no Mediterrâneo e no sul da Itália.
Desmistificando o que muitos imaginam, o território que esse período aconteceu não se limitava em apenas um país, pois era livre de fronteiras.
As pessoas desse período participavam do Mundo Grego, porque desfrutavam dos mesmos costumes, falavam o mesmo idioma e se organizavam política e socialmente de forma parecida.
Resumo da História da Grécia Antiga
A história da Grécia Antiga é dividida em cinco períodos principais: Pré-Homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico. Cada período foi marcado por transformações sociais, políticas e econômicas significativas que contribuíram para a formação, divisão e desenvolvimento do território grego.
Período Pré-Homérico (séc. XX-XII a.C.)
O período Pré-Homérico, também conhecido como o período de formação da Grécia, deu início no sul do Mar Argeu, na Ilha conhecida como Creta, que tinha por capital Cnossos.
A Ilha de Creta, mais conhecida pela Lenda do Minotauro e por sua supremacia na região, formou um governo que dominava o Mediterrâneo, consolidando um comércio marítimo forte e de grandes proporções com as regiões vizinhas.
Por volta do século XV a.C, os Arqueus, indo-europeus, também denominados como Micênicos, foram o primeiro povo a chegar no território da Grécia Antiga, vindo de Micenas: uma das mais importantes cidades, com fortes aspectos culturais, econômicos e sociais.
Eles se concentraram na Península do Peloponeso e conquistaram a Ilha de Creta. Assim, estabeleceram um forte intercâmbio entre a Ilha e a Grécia, formando uma sociedade denominada Creto-Micênica.
Após os Arqueus, também chegaram à Grécia outros povos, como:
- Eólios
- Jônios, que mais tarde fundaram a cidade de Atenas
- Dórios, que fundaram Esparta
Os Dórios eram conhecidos pela violência e habilidade na construção de armas fabricadas com ferro. Por isso, ao chegarem no território grego, provocaram uma grande dispersão dos outros povos para o interior das Ilhas do Mar de Egeu e a costa da Ásia Menor, gerando um dos acontecimentos mais importantes da época, denominado como: Primeira Diáspora.
Veja mais sobre diáspora.
Período Homérico (séc. XI-VIII a.C.)
Após a Primeira Diáspora, a civilização Creto-Micênica foi absorvida e a Grécia passou por um grande retrocesso cultural e uma reestruturação em sua organização social e econômica.
O período Homérico é conhecido pela organização social Gentílica, que tinha como base os genos: indivíduos com laços consanguíneos liderados pelo pater, um patriarca que era detentor de poderes políticos, religiosos e militares.
Cada pater e seus parentes mais próximos eram os proprietários das melhores e maiores terras. Assim, a sociedade passou a se dividir da seguinte maneira:
- Eupátridas: proprietários de grandes terras
- Georgóis: pequenos agricultores
- Thetas: os que nada possuíam
Durante essa tensão, a sociedade gentílica sofreu com a sua desintegração. Foi então que os genos se uniram e formaram grupos maiores denominados fátrias, na tentativa de monopolizar o poder político e constituir uma aristocracia de base fundiária.
Mesmo após essa união, as fátrias não conseguiram alcançar o poder esperado e se uniram mais uma vez, formando um grupo ainda maior denominado tribos. Foi a partir dessa união que surgiram as pólis, mais conhecidas por Cidades-Estado.
Com a degradação da sociedade gentílica, muitos gregos se deslocaram para áreas estendidas ao longo do Mediterrâneo, em busca de melhores oportunidades de vida e terras férteis. Acontecimento importante denominado como a Segunda Diáspora, quando se formaram grandes colônias nas áreas do Mediterrâneo, Ásia Menor e Norte da África.
Período Arcaico (séc. VIII-V a.C.)
Com o fim da sociedade gentílica e do surgimento das cidades-estado, no Período Arcaico ocorreram acontecimentos importantes como o surgimento do alfabeto fonético, o progresso econômico com a divisão do trabalho no comércio e o processo de urbanização.
Nessa fase a Grécia possuía mais de cem cidades-estado independentes, que seguiam seus próprios regimes políticos. E entre as cidades mais eminentes, estavam: Atenas e Esparta.
Atenas
Atenas, conhecida como o berço da democracia instituída por Clístenes (570 a.C. - 508 a.C.), foi fundada pelos Jônios e se situava na Península Ática. Sua sociedade basicamente se constituía por navegadores, comerciantes, poetas, filósofos e artistas.
A educação em Atenas era voltada para a formação completa do homem, ou seja, desenvolvia-se o seu lado intelectual, físico, artístico e seu senso crítico.
Esparta
Esparta, fundada pelo Dórios e situada no interior da Península do Peloponeso, ficou conhecida por ser uma cidade predominantemente militarista, aristocrata e conservadora, com terras e escravos sob o poder do Estado.
A sua educação tinha por finalidade formar cidadãos-soldados com perfeição física, hábitos de obediência às lei criadas e coragem, baseados num ideal lacônico, uma forma de comunicação direta e sucinta.
O fim do Período Arcaico
Com grandes progressos políticos, sociais e culturais, o fim do Período Arcaico foi marcado pela Colonização Arcaica.
Por consequência do crescimento populacional, grandes expedições marítimas foram organizadas, levando alguns gregos para colonizaram terras ao redor do mundo.
Essas expedições chegaram a várias partes do ocidente, como todo o sul da Itália, além da França e do Egito. Novas cidades-estado foram instituídas nesses territórios, sendo Nápoles (nova pólis em Grego), na Itália, uma das mais conhecidas.
Período Clássico (500-338 a.C.)
Conhecido como a Era de Ouro da Grécia Antiga, esse período foi marcado não só pela ascensão do teatro, da música e da filosofia, mas também pelas guerras e batalhas decisivas, como as Guerras Médicas (ou Guerras Greco-Persas).
Atenas era a principal pólis e recebia os impostos de outras cidades, utilizando para o seu benefício próprio. Mas, mesmo após a Batalha de Termópilas (484 a. C), vencida pelos Persas, Atenas continuou forte. Por consequência, outras cidades se indignaram, unindo-se à Esparta, criando assim a Liga do Peloponeso.
É exatamente nesse momento que Esparta e Atenas, cada um com seus aliados, lutam entre si.
Aproveitando-se das crises existentes nas duas principais cidades-estado da Grécia, Tebas, aliada da pólis Esparta, rebela-se e expulsa os soldados espartanos, impondo sua hegemonia sobre as cidades gregas.
Esparta foi derrotada em 371 a. C. pelo exército tebano na Batalha de Leuctras. Essa vitória deveu-se à organização das falanges, dos generais Pelópidas e Epaminondas, e a uma rebelião de escravos em Esparta, obrigando grande parte dos soldados a suspender sua campanha na defesa da cidade.
Assim, teve início o predomínio de Tebas sobre as demais cidades-estado gregas.
Veja mais sobre o significado de hegemonia.
Período Helenístico (338-136 a.C.)
Com a grande hegemonia de Tebas, todas as cidades-estado gregas se enfraqueceram. Liderados pelo rei Felipe II (Filipe da Macedônia), o povo Macedônico, que se situava na região norte da Grécia, conquistou toda a Grécia na Batalha de Queroneia, em agosto de 338 a.C.
Após a morte do rei Filipe II, seu filho, Alexandre Magno, também chamado por Alexandre, O Grande, sucedeu o trono do seu pai, consolidando toda a Grécia e expedindo o seu Império para o Oriente.
Fenícia, Egito, Palestina e a Índia foram os lugares conquistados por Alexandre Magno, o personagem histórico que fundou um dos impérios mais vastos da humanidade
Após a sua conquista no Oriente, houve a fusão da cultura grega com a de outros povos dominados, principalmente egípcios, mesopotâmicos e persas, dando o surgimento à Cultura Helenística.
Cultura da Grécia Antiga
A cultura grega é um dos seus aspectos mais importantes devido ao grande desenvolvimento e contribuição nas artes plásticas, filosofia, esporte, teatro, democracia e mitologia.
Na filosofia, por exemplo, destaca-se o progresso nas questões e pensamentos sobre a existência humana, construídos por filósofos como Sócrates e Platão.
Já nos esportes, a criação dos Jogos Olímpicos foi um dos maiores marcos gregos. Eles ofereciam as competições aos deuses e ovacionavam os vencedores como grandes heróis.
Por sua vez, o teatro representava as tragédias, comédias e lendas da mitologia grega para o povo. Suas músicas alegravam os festivais da nobreza e eram tocadas com instrumentos como a flauta e a harpa.
Sociedade e Política da Grécia Antiga
Quando a Grécia dividiu-se em cidades-estado no final do Período Homérico, cada uma possuía a sua própria organização social e política. Um exemplo disso eram as pólis Esparta e Atenas.
Esparta era governada por uma diarquia, ou seja, por dois reis que detinham o poder absoluto sobre a cidade. Atenas, por sua vez, experimentou ao longo de muitos séculos a democracia direta, onde os cidadãos atenienses participavam das assembleias, votando e debatendo as leis.
A escravidão e a divisão da sociedade em diferentes classes sociais também foram um marco na Grécia Antiga. Atenas, por exemplo, admitia a escravidão quando alguém estava em dívida com o governo. Já Esparta deixava os seus escravos sob o poder dos reis.
A sociedade grega passou por grandes transformações ao longo da sua história. Durante as suas primeiras colônias, havia um sentimento e comportamento coletivista entre os povos, que dividiam igualmente os alimentos, roupas e moradias entre si.
Saiba mais sobre o significado de cidade-estado,
Economia da Grécia Antiga
A economia grega baseava-se na agricultura, com plantio de cereais (trigo e cevada), oliveira, figueira e a vinha, além da criação de gado, ovino e caprino e do seu forte artesanato.
Mas por conta do seu solo pouco fértil e da proximidade com o mar, as atividades mais importantes eram a pesca e o comércio marítimo, que se fomentavam em trocas comerciais com a moeda denominada como Dracma.
Religião da Grécia Antiga: Mitologia Grega
A Grécia Antiga era politeísta, ou seja, a sociedade grega idealizava seus próprios deuses que possuíam atributos físicos e comportamentais humanos ou animais.
Cada pólis (cidade) tinha o seu deus protetor e o Monte Olimpo era considerado pelo gregos como a casa de todos os seus deuses.
Por isso, o local protagonizou muitas das histórias mitológicas gregas, servindo até mesmo como tribunal, onde as divindades decidiam o rumo da vida dos mortais e até mesmo de outros deuses.
Existia uma proximidade intelectual e física muito grande entre os deuses e a sociedade da Grécia Antiga, por isso as histórias eram passadas de geração para geração e tinham grande influência nas transformações e decisões sociais.
Eram usadas, por exemplo, para justificarem as guerras, mortes e até o nascimento de heróis gregos.
Entre os deuses mais famosos, destacam-se: Zeus, considerado o maior deus dentro da hierarquia mitológica grega, Afrodite, a deusa do amor, da beleza e do sexo e Atena, protetora da cidade de Atenas e a deusa da sabedoria.
Saiba mais sobre Mitologia Grega, Politeísmo e Deuses Gregos.
Legado da Grécia Antiga
A herança cultural da Grécia se estende por todo o Ocidente até os dias de hoje. Convivemos diariamente com inúmeras criações gregas, entre elas:
- Jogos Olímpicos: a reunião de varias nações no período de 4 em 4 anos, com competições em diversos jogos esportivos;
- Artes Plásticas: a pintura e as esculturas gregas são classificadas até hoje como clássicas e harmônicas, influenciando grandes artistas;
- Filosofia: no ensino das ciências humanas, autores e filósofos como Sócrates e Platão são citados como referências importantes;
- Matemática: grandes matemáticos como Pitágoras e Tales de Mileto têm as suas descobertas usadas no ensino das ciências exatas;
- Democracia: instituída em Atenas, a democracia é praticada em diversos países, como o Brasil.
- Teatro: criado para representar as emoções e alegrar o povo, o teatro ganhou ainda mais força nos últimos séculos, influenciando diversas pessoas, se tornando um grande meio de entretenimento na sociedade Ocidental.
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