Anacoluto
Anacoluto é uma figura de linguagem na língua portuguesa que configura uma quebra da estrutura sintática de uma frase.
Classificada como uma figura de construção, o anacoluto consiste numa “frase quebrada”, normalmente quando o propósito ou assunto de determinada frase é apresentada antes do restante da oração.
O anacoluto retira a função sintática de determinado termo ou expressão na oração ao alterar a estrutura da mesma. Por norma, as “quebras” nestas frases são feitas com o uso de vírgulas.
Exemplo: Eu, toda vez que chego, você me enche de beijos.
No exemplo acima, a princípio, o pronome “eu” pode ser considerado o sujeito a oração. Mas, ao ser introduzido o novo período “toda vez que chego” constata-se, na realidade, que o sujeito se encontra oculto em “toda vez que (eu) chego”. Assim, o “eu” do começo da frase passa a ter nenhuma função sintática na oração.
O anacoluto costuma ser muito utilizado na linguagem oral, provavelmente pelo seu sentido de brusca alteração na linha de pensamento do locutor durante a frase, fazendo com que seja construída uma oração que foge às regras de concordância de sintaxe e verbal, por exemplo.
Quando o anacoluto é aplicado na linguagem escrita, esta figura de linguagem pode servir para dar ênfase ao personagem ou a uma ideia que está sendo exposta no discurso. Além disso, o anacoluto também funciona como um mecanismo para transmitir uma sensação de espontaneidade no texto.
Exemplos de anacoluto
“Eu, porque fui demitido, fico o dia todo em casa”.
“Meu pai, as leituras deixavam-no acordado a noite toda”.
“Adolescentes, como são difíceis de controlar”.
“O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga).
“Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura”. (Manuel Bandeira).
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