Direita: o que é, o que defende e representação no Brasil

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Direita é uma palavra usada para representar um posicionamento político, partidário e ideológico.

Conforme conceito das Ciências Políticas, o posicionamento político de direita é marcado por características conservadoras em relação aos aspectos sociais e liberais na economia.

Isso que dizer, que esse espectro político apoia preceitos ligados a família tradicional e as igrejas cristãs, que consideram fundamentais para a sociedade.

Prezam pelo estado mínimo, sendo a economia livre e regulada pelo próprio mercado, sem qualquer intervenção estatal.

Outra característica importante direitista é a priorização dos direitos individuais sobre os direitos coletivos. Valorizando a propriedade privada e a meritocracia.

Os partidos políticos de direita mais conhecidos no Brasil são o Partido Progressistas (PP), União Brasil (UNIÃO), Partido Liberal (PL), Partido Social Cristão (PSC) e o Partido Novo (NOVO).

O que defende a direita

A ideologia política de direita entende que a sociedade será melhor organizada se os direitos individuais tiverem prioridade sobre os direitos de todos, ou seja, da coletividade. É um posicionamento considerado conservador.

A direita também defende que o poder do Estado seja limitado, que os governos não tenham tanto poder sobre o funcionamento e a regulamentação dos setores da sociedade e das empresas.

Isso significa que algumas esferas, como educação e saúde, por exemplo, passariam a ser da responsabilidade dos cidadãos individualmente e não do Estado.

A direita também acredita no conceito de livre mercado, em que as empresas tenham liberdade para agir e se regulamentar por conta própria, sem sofrer intervenção estatal.

Pode-se dizer que os principais valores direitistas são: sobreposição dos direitos individuais aos coletivos, defesa dos valores tradicionais e religiosos, liberdade econômica e a propriedade privada.

O conceito de propriedade privada é muito importante para a ideologia direitista. É um símbolo da iniciativa privada e do individual, pois a propriedade pertence a um indivíduo e não pode sofrer qualquer tipo de ação estatal.

Dessa forma, o indivíduo estaria protegido do poder do estado. Também é simbólica como representação de eficiência (pela conquista da propriedade, meritocracia) e da liberdade.

Dentro da política direitista, a desigualdade social é vista com naturalidade, cabendo somente ao indivíduo a possibilidade de ascender econômica e socialmente.

O que é ser de direita

Para que alguém seja de direita basta se identificar com os valores desse espectro político. Geralmente, pessoas de direita votam em candidatos direitistas durante as eleições.

Pessoas que integram a direita prezam pela individualidade. Para elas, suas ações e interesses privados devem estar acima dos interesses coletivos.

Isso faz com que prefiram um estado não participativo, acreditando que deve ser de responsabilidade de cada um o acesso à saúde, educação, moradia, entre outros. Os direitistas também defendem uma economia autorregulada, sem intervenção do estado.

Quanto aos aspectos sociais, as pessoas de direita são conservadoras. Elas prezam pelos valores tradicionais, estimando instituições como a família, a igreja e o militarismo.

Elas tendem a não valorizar a diversidade cultural, nem comportamentos sociais que fogem do padrão normativo.

Direita no Brasil

O posicionamento da direita na história do Brasil foi se alterando com o passar dos anos. Durante o Brasil Império (1822 a 1889), pode-se dizer que o grupo que constituía à direita da época, apoiava a monarquia e os privilégios da nobreza.

Após a implementação da República (1889), o estado brasileiro ficou sob a política do café com leite, em que a elite econômica direitista, localizada em São Paulo e em Minas Gerais, alternavam-se no poder.

Já com as eleições de Getúlio Vargas (1930 a 1945) e o Estado Novo, o presidente mesclou atitudes políticas esquerdistas e direitistas.

O acontecimento que marcou a direita brasileira e ajudou a construir sua fundamentação atual foi a Ditadura Militar (1964 a 1985) e a Redemocratização.

Durante a ditadura, os direitistas apoiavam os militares. O golpe militar tinha como lema valores como a defensa da religião cristã, da família e da propriedade privada contra uma suposta ameça comunista.

Essas são bandeiras defendidas pela direita brasileira ainda hoje. Os partidos atuais exaltam a religiosidade cristã e as tradições familiares. Também foi incorporado a pauta direitista questões como o armamento, criminalização do aborto e questões de gênero.

Na economia, continuam a defender não intervenção do Estado, o liberalismo econômico, a diminuição da máquina pública e a privatização de empresas.

Apesar dos valores bem demarcados, muitos cientistas políticos acreditam que os conceitos de direita e esquerda não são os mais adequados para a política brasileira, por existirem posicionamentos políticos que misturam ideologias de esquerda com atitudes e interesses de direita.

Diferenças entre direita e esquerda na política

A ideologia da direita defende valores conservadores e tradicionais, liberdade do mercado e poder limitado de intervenção do Estado. A esquerda defende os direitos dos trabalhadores e das chamadas minorias, a igualdade por meio de políticas públicas e a intervenção do Estado.

Veja outras diferenças:

Direita Esquerda
O que defende Liberdade de mercado, liberdades individuais e valores tradicionais Igualdade entre os cidadãos e defesa dos direitos das minorias
Filosofia Conservadora Progressista
Papel do Estado Respeito aos direitos individuais com pouca intervenção na economia Garantia de igualdade de oportunidades a todos os cidadãos
Economia Diminuição dos valores de impostos e de gastos públicos e menos poder do Estado sobre o mercado Programas sociais e políticas públicas, impostos pagos conforme a renda e regulamentação do Estado sobre o mercado
Principais partidos no Brasil PP, UNIÃO, PL, PSC, Partido Novo PSB, PSOL, PT e PCdoB.

Origem da direita no cenário político

Para entender a origem do conceito de direita na política é necessário conhecer o contexto histórico da Revolução Francesa, no final do século XVIII.

Nesse período, o termo direita era usado para se referir ao grupo de parlamentares que sentava ao lado direito do presidente da Assembleia Nacional, enquanto elaboravam as leis que iriam reger a República. Esses políticos, chamados de girondinos, defendiam ideais e leis conservadoras e tradicionalistas.

Quem se sentava à esquerda na Assembleia defendia propostas políticas revolucionárias, que buscavam mudanças na sociedade e defendiam interesses de grupos mais populares. Eram os chamados jacobinos.

Foi a partir da configuração espacial da Assembleia francesa que ideologias políticas consideradas opostas passaram a ser associadas aos termos direita ou esquerda. O jornalista e revolucionário Camille Desmoulins foi o primeiro a fazê-lo em 1789.

Desde então, os termos começaram a ser usados para definir a preferência política de cada pessoa como conservadora ou revolucionária.

Entretanto, foi só a partir do século XIX, com a Revolução Industrial, que a esquerda passou a incorporar os valores de defesa trabalhista e ideias socialistas e comunistas. Já a direita começou a ser composta pelos proprietários das fábricas, a burguesia.

Entenda mais sobre o que foi a Revolução Francesa.

Direita e esquerda atualmente

Os conceitos de direita e esquerda mudaram ao longo dos anos em razão das transformações políticas, sociais e econômicas que aconteceram em todo o mundo. Novos valores foram incorporados, assim como mudanças sociais importantes ocorreram.

Hoje, existem posicionamentos políticos intermediários entre direita e esquerda, organizados em uma escala chamada de espectro de posicionamento político ou régua ideológica. Os posicionamentos são extrema-esquerda, esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita e extrema-direita.

Os partidos que se classificam à direita geralmente são os conservadores, religiosos, democratas e os liberais. Já os partidos à esquerda podem ser socialistas, comunistas, social-democratas e ambientalistas.

Existe ainda uma vertente chamada de esquerda liberal porque, ainda que tenha posicionamentos de esquerda, defende alguns princípios que pertencem ao conceito do liberalismo (um ideal visto como de direta).

Os conceitos de direita e esquerda também podem ser usados em referência a quem tem posição governista e a quem faz oposição ao governo. Muitas vezes a oposição é chamada de esquerda, enquanto os grupos que apoiam o governo são chamados de direita.

É importante entender que a ideologia considerada típica de direita ou esquerda pode variar conforme o local, a cultura e o tempo histórico.

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