Filosofia medieval: resumo, características, períodos e principais filósofos

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

A filosofia medieval é aquela desenvolvida na Europa durante a Idade Média. Possui como característica principal a união entre a cultura filosófica grega antiga com a religião cristã, que teve seu apogeu no período.

A Idade Média foi marcada pela forte influência da Igreja Católica. Os temas abordados pelos filósofos medievais reforçavam o poder da Igreja e relacionavam-se com a fé e a razão, a existência e a influência de Deus e os propósitos da teologia e da metafísica.

O raciocínio teológico da época utilizava muitos métodos e técnicas dos filósofos antigos para refletir e sistematizar a doutrina cristã. A filosofia medieval buscou conciliar duas áreas, até então, distintas: a razão científica e a fé cristã.

A filosofia medieval abordava essencialmente os problemas relacionados com a crença e a influência de Deus para a realidade. Além do desenvolvimento natural de áreas como a lógica e ética.

Patrística e Escolástica: os períodos da filosofia medieval

A filosofia medieval é comumente dividida em dois períodos principais: a patrística e a escolástica.

O que é a Patrística?

A patrística representa o período compreendido entre os séculos V e IX em que a expansão do cristianismo exigiu também a formação das bases teóricas que sustentassem a religião cristã. Seu nome é uma referência aos "Padres da Igreja", responsáveis por seu desenvolvimento.

Baseados nos ensinamentos da Bíblia Sagrada, os "Padres da Igreja" (daí patrística) uniram a Palavra ao conhecimento filosófico tradicional. Isso tornou possível a fundamentação da religião e a conquista de novos adeptos devida à sua semelhança com o conhecimento tradicional já aceito.

O principal filósofo do período foi Agostinho de Hipona (Santo Agostinho), ele utilizou as bases da filosofia de Platão para a construção de uma filosofia cristã.

Nesse sentido, o dualismo platônico é visto na representação de uma verdade superior e anterior á vida humana presente na Bíblia Sagrada. A alma é hierarquicamente superior ao corpo, enquanto esse é inferior e o lugar do erro, agora, associado ao pecado.

O que é a Escolástica?

A escolástica é o período compreendido entre os séculos IX e XVI. Neste período, é reforçada a ideia de que o conhecimento pode ser transmitido e aprendido (escola). Surgem as universidades, locais dedicados à transmissão e construção de conhecimento.

A filosofia escolástica possui como uma de suas características principais o desenvolvimento da razão cristã e da lógica. A união entre fé e razão é a principal marca do período escolástico.

O principal filósofo do período é São Tomás de Aquino. O filósofo desenvolveu, sobretudo, o pensamento de Aristóteles, unindo-o aos princípios religiosos, formando um pensamento racional sustentado na fé.

Principais filósofos medievais

Na Idade Média, poucos pensadores se consideravam filósofos e eram, na maioria, membros da igreja. Entre os pensadores mais influentes da época estão:

Santo Agostinho

Por toda sua carreira literária, Agostinho explorou a Teoria da Iluminação Divina. Para ele, a mente necessitava ser iluminada de fora, e todas as suas obras faziam afirmações categóricas sobre a necessidade da participação de Deus na vida humana.

São Tomás de Aquino

Foi o responsável por conjugar a filosofia aristotélica com os ideais do cristianismo, dando origem ao chamado “Tomismo”. As ideias de Tomás de Aquino foram tão influentes para o pensamento ocidental que grande parte da filosofia moderna tomou suas obras como ponto de partida.

João Duns Escoto

Desenvolveu a Teoria da Univocidade do Ser, que afastava a distinção entre essência e existência proposta anteriormente por Tomás de Aquino. Para Escoto, é impossível que se conceba qualquer coisa sem que isso implique na sua existência.

João Duns Escoto foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1993.

Guilherme de Ockham

Guilherme de Ockham foi um teólogo e frade franciscano considerado o precursor do nominalismo.

Ockham, entre outras ideias, negava a existência de objetos abstratos e dos chamados universais, conceito oriundo da metafísica que define tudo o que está presente em diversos lugares e momentos distintos.

Veja também:

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).
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