Peste Negra

Frank Arellano
Revisão por Frank Arellano
Professor de História e Mestre em Linguística

Peste negra é a doença transmitida por bactéria que provocou uma pandemia na Europa durante a Idade Média, no século XIV.

Estima-se que aproximadamente 25 milhões de pessoas tenham morrido em decorrência da doença, um terço de toda a população europeia da época.

É considerada uma das grandes pandemias da história mundial. A doença, também conhecida como peste bubônica, é transmitida pela bactéria yersinia pestis.

Os principais meios de transmissão são as picadas das pulgas que vivem em ratos contaminados ou as secreções das pessoas infectadas.

História da peste negra

Provavelmente a doença surgiu na Ásia, na região da China. Há registros que indicam a existência de surtos antes da pandemia europeia, por exemplo: em 540 a.C., no Império Bizantino (região que hoje seria a Turquia), e que ficou conhecida como praga de justiniano.

Suspeita-se que, no século XIV, a doença tenha chegado à Europa vinda do território da Crimeia (na Ucrânia), que vivia uma guerra entre mongóis e genoveses na região de Caffa.

Os genoveses teriam espalhado a doença por diversas regiões da Europa, quando iam e voltavam da Crimeia em seus navios. Os primeiros casos conhecidos ocorreram no ano de 1347.

A rápida contaminação e manifestação dos sintomas fez com que a peste se tornasse uma pandemia em poucos anos, disseminando grande parte da população da região.

As estimativas dão conta de que aproximadamente um terço da população faleceu vítima da peste negra, cerca de 25 milhões de pessoas.

Mas alguns estudiosos ainda acreditam que o número de mortes tenha sido superior, com cerca de 50 milhões de vítimas, ou seja, aproximadamente dois terços da população.

Na época, não havia conhecimento médico sobre a doença, nem como conter sua propagação. As más condições de higiene e de saúde que a maioria da população vivia também ajudaram na disseminação da doença e no alto número de mortes.

Quem contraia a peste, dava a morte como certa, pois geralmente as pessoas faleciam três dias após os primeiros sintomas.

A falta de informação fez com que se acreditasse que a doença era uma espécie de "castigo divino" ou que havia sido provocada pelos judeus, contribuindo para ideias antissemitas e xenófobas.

Peste
O pintor renascentista Pieter Bruegel pintou "O triunfo da morte". Na obra, retratou os tempos difíceis vividos durante a disseminação da peste.

A peste negra provocava dores no corpo e de cabeça, febre, tosse (que podia ser com sangue), falta de ar, gânglios inchados e manchas escuras pelo corpo.

O nome dado a doença surge justamente dessas manchas pretas e roxas que surgiam na pele dos doentes. O outro nome dado a doença, peste bubônica, também deriva de um dos sintomas, os inchaços, chamados de bubões.

Entretanto, é importante esclarecer que o nome peste negra é usado, exclusivamente, para se referir a pandemia medieval, assim como o surto anterior no Império Bizantinho é chamada de praga de justiniano. Já peste bubônica é o nome dado a uma das formas clínicas da doença.

Com o passar dos anos de pandemia, algum conhecimento sobre a peste foi adquirido, como a percepção de que o contato com pessoas doentes e seus pertences transmitiam a doença.

Dessa forma, os familiares deixaram de visitar quem estava contaminado, houve o incentivo do isolamento e os mortos e suas roupas passaram a ser queimados.

Não se sabe ao certo quais foram os motivos que levaram à diminuição dos casos da doença, em meados de 1353. Acredita-se que seja devido ao grande número de mortos e ao hábito de isolar os doentes.

Entretanto, a doença não se extinguiu completamente. Durante os anos seguintes, em menor quantidade, ainda foram registradas novas ocorrências em algumas regiões da Europa.

Entenda também o que foi o feudalismo e Idade Média.

Os médicos da peste negra

peste negra
Médico da peste negra.

Os médicos que faziam os atendimentos aos doentes infectados pela peste negra ficaram conhecidos como "médicos da peste". As cidades que eram muito afetadas contratavam médicos - muitas vezes pouco experientes - para atender a demanda desses locais.

É relevante destacar que a medicina desenvolvida durante a Idade Média era muito diferente da medicina conhecida hoje. Naquela época, os médicos se baseavam pouco na ciência e mais nos conhecimentos populares e ensinamentos religiosos.

Acreditava-se que para evitar a própria contaminação, os médicos da peste deveriam usar uma máscara semelhante a um bico de ave. Ela continha uma mistura de ervas aromáticas para impedir a contaminação.

Mas, o uso da máscara não era muito eficiente já que, mais tarde, foi descoberto que a transmissão da peste acontecia também pela picada de pulgas.

Além da máscara, os médicos também usavam uma roupa especial de couro (material que não absorvia as secreções dos doentes), óculos, capa, botas, chapéu e luvas.

Consequências da peste negra

A peste reduziu a população europeia, a cada três europeus, um morreu pela doença. Isso fez com que o número de pessoas disponíveis para trabalhar fosse drasticamente afetado, diminuindo a produção e o consumo.

Os servos sobreviventes passaram a enfrentar sobrecarga de impostos por parte dos senhores feudais, que tentavam se reestabelecer após a crise.

A pressão sobre os trabalhadores gerou revolta e fez que com crescesse a migração para as cidades, enfraquecendo o feudalismo como modelo social e econômico. O crescimento do número de pessoas e do comércio nas cidades, anos depois, possibilitaria o surgimento da burguesia.

Características da peste negra

As principais características da peste negra são:

  • Surto de peste bubônica que atingiu a Europa durante o século XIV;
  • Considerada a primeira grande pandemia mundial;
  • Transmissão ocorria por meio de pulgas (transmitiam a doença aos humanos) de ratos (transportavam a bactéria) e através das secreções das pessoas doentes;
  • Os sintomas mais comuns eram: febre, dores, tosse, falta de ar, manchas escuras na pele e alteração no tamanho dos gânglios;
  • A doença se espalhou rapidamente;
  • Pelo menos 25 milhões de pessoas morreram.

Peste negra no Brasil

Não existem dados exatos sobre a chegada da doença no país, mas os primeiros registros aconteceram provavelmente no ano de 1899, primeiramente na cidade de Santos e depois no Rio de Janeiro.

Não se sabe por onde a epidemia chegou às terras brasileiras, mas a cidade de Porto, em Portugal, vivia um surto da doença (e o Brasil recebia muitos navios vindos da região) e também o Paraguai, país vizinho, enfrentava a peste no mesmo período. É provável que a peste bubônica tenha chegado ao país por uma dessas duas vias.

Em 1904, o médico Oswaldo Cruz fez uma campanha de combate à peste, além de medidas de tratamento para os infectados, também eram divulgadas as providências adequadas para prevenir o surgimento de novos casos.

Atualmente, as ocorrências da peste bubônica são raras no Brasil. A última contaminação pela doença foi registrada em 2005 no estado do Ceará.

A peste negra ainda existe?

Ao contrário do que muita gente pode pensar, a peste bubônica ainda existe. É claro que atualmente a doença já não se espalha da mesma maneira como acontecia na Idade Média, mas eventualmente ainda são registrados casos de contaminação.

A transmissão da doença pode acontecer de duas formas: pela picada de pulgas infectadas pela bactéria ou através da tosse, que contém secreções infectadas.

Hoje, o tratamento da doença é feito com o uso de antibióticos (que não existiam na Idade Média), e que em mais de 90% dos casos é bem-sucedido.

Veja também: o que é uma epidemia.

Frank Arellano
Revisão por Frank Arellano
Professor de História e Ciências Sociais por mais de 15 anos. Licenciado em História (2010) e Mestre em Ciências da Linguística (2015) pela Universidade de Los Andes em Mérida, Venezuela.
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