Conservadorismo
Conservadorismo (também chamado de conservantismo) é uma postura política e social que visa promover a manutenção de valores, práticas e instituições tradicionais.
Em termos gerais, o conservadorismo valoriza a tradição, a hierarquia, a autoridade e os direitos de propriedade. No entanto, tendo em vista que o que é considerado tradicional varia conforme o lugar e a época, o conservadorismo não possui características universais fixas.
O conservadorismo tem como foco a estabilidade e continuidade, opondo-se às políticas progressistas ou revolucionárias. Assim, um indivíduo conservador é alguém que defende a permanência do status quo ou o retorno dos valores de uma época passada.
Uma postura conservadora pode se apresentar em diversos ramos da sociedade, como na política, na religião, na economia, entre outras.
O que é ser conservador
É conservador quem tem uma perspectiva política e social que busca preservar e proteger valores, práticas e instituições consideradas tradicionais. As principais características de um indivíduo conservador são:
- Valorizar a tradição - preza pelas tradições e os costumes de suas comunidades ou sociedades, acreditando que esses elementos são fundamentais para a identidade e coesão social;
- Enaltecer a hierarquia e autoridade - geralmente respeita estruturas hierárquicas, defendendo a ideia de que uma certa ordem social e política é necessária para garantir a estabilidade;
- Defender a propriedade - acredita que a propriedade privada é um pilar importante da liberdade individual e do desenvolvimento econômico;
- Ter resistência a mudanças - opõe-se a mudanças rápidas ou radicais, preferindo uma abordagem cautelosa em relação a reformas sociais ou políticas;
- Estimar a continuidade - busca manter o status quo ou restaurar valores e normas que consideram perdidos ou ameaçados. Por exemplo: defesa de instituições como a família, a religião e o governo.
Ser conservador é defender a continuidade das tradições e valores que moldam uma sociedade, acreditando que a estabilidade e a ordem são essenciais para o bem-estar social.
Exemplos de conservadorismo
Os exemplos de conservadorismo podem ser organizados em duas categorias distintas: valores conservadores clássicos e valores socialmente conservadores. Cada uma delas mostra diferentes aspectos da visão conservadora, que se manifestam em contextos econômicos, sociais e políticos.
A distinção entre valores conservadores clássicos e socialmente conservadores destaca a complexidade do conservadorismo. Enquanto os valores clássicos focam mais em aspectos econômicos e estruturais, os valores socialmente conservadores concentram-se em normas culturais e sociais.
Exemplos de valores conservadores clássicos
- Planejamento Econômico - abordagem que possibilita a intervenção do Estado na economia para garantir estabilidade e crescimento sustentável;
- Hierarquia social em classes - aceita a ideia de que a sociedade deve ser organizada em diferentes níveis sociais, com base em méritos, propriedade e status;
- Não separação entre religião e Estado - muitas vezes acreditam que a religião deve ter um papel importante na vida pública e nas decisões políticas, influenciando a legislação e as normas sociais;
- Protecionismo - defendem a proteção da economia nacional contra a concorrência estrangeira, por meio de tarifas e regulamentos que favorecem produtos e serviços locais.
Exemplos de valores socialmente conservadores
- Restrições de imigração - defendem políticas rigorosas de imigração, acreditando que a entrada de novos imigrantes pode ameaçar a cultura, a segurança e os empregos dos cidadãos nativos;
- Resistência a programas sociais - aversão a programas sociais que promovem a redistribuição de riqueza ou assistência estatal;
- Hierarquização social em termos de gênero e etnia - tendem a querer manter normas sociais que definem papéis tradicionais de gênero e estruturas sociais que discriminam com base em raça e etnia;
- Nacionalismo - forte ênfase na identidade nacional, levando a uma resistência a influências culturais externas e a um sentimento de orgulho em relação à história e tradições do país;
- Controle sobre o mercado - embora o conservadorismo econômico possa apoiar o mercado livre, a versão social advoga por um controle mais rigoroso de certas indústrias para garantir que os valores tradicionais sejam preservados;
- Isolacionismo - na política externa, promovem uma abordagem isolacionista, priorizando os interesses nacionais sobre a cooperação internacional e evitando intervenções em conflitos externos;
- Resistência a políticas progressistas - tendem a se opor a mudanças que promovem direitos civis e sociais, como os direitos LGBTQ+;
- Não direito a julgamento justo - essa postura que pode ser vista em sistemas que privilegiam certos grupos em detrimento de outros, levando a desigualdades no tratamento jurídico;
- Liberdade de expressão limitada - existe uma preocupação em restringir a liberdade de expressão em contextos que promovem ideais consideradas desafiadores às tradições;
- Não priorização de Direitos Humanos - ênfase nas normas culturais e tradições em vez dos direitos humanos universais.
O que é a direita conversadora
A direita conservadora é uma vertente do espectro político que se distingue por sua defesa de valores e princípios tradicionais. Os seus defensores priorizam a manutenção de estruturas sociais e políticas estabelecidas, frequentemente se opondo a mudanças sociais rápidas e a políticas progressistas.
Essa orientação política enfatiza a importância da ordem, da estabilidade e da continuidade cultural, buscando preservar o que é considerado fundamental para a identidade de uma sociedade.
Um dos principais pilares da direita conservadora é a valorização da tradição, que inclui a defesa de costumes, normas culturais e religiosas, que são vistos como essenciais para a coesão social. Apoio as instituições tradicionais, como a família e a religião, que são vistas como bases da sociedade.
Em questões econômicas, a direita conservadora tende a favorecer uma economia de mercado. Contudo, também permite a proteção de interesses nacionais com políticas protecionistas, que buscam preservar a indústria local.
Há também uma resistência a mudanças sociais que desafiem normas tradicionais, como questões de direitos civis. O nacionalismo é outro elemento central, no qual se priorizam os interesses nacionais sobre as influências externas.
Conservadorismo no Brasil
No Brasil, o conservadorismo está estreitamente ligado aos partidos políticos de direita. A primeira manifestação do conservadorismo no país surgiu com o Partido Conservador, fundado por volta de 1836, com a proposta de proteger a integridade nacional. Contudo, foi extinto com a implantação da República em 1889.
Durante as décadas seguintes, os partidos políticos, mesmo de direita, não se declaravam abertamente conservadores. A partir de 2014, uma onda conservadora chegou ao país resultado da crise econômica e de escândalos de corrupção.
O conservadorismo brasileiro foca em fortalecer instituições tradicionais, como a família e a religião, valorizando os ideais de hierarquia e autoridade. No geral, possui ideias sociais conversadoras e adota princípios neoliberais.
Figuras políticas como Silas Malafaia e outros membros da bancada evangélica são exemplos conservadores. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que governou de 2019 a 2022, é o principal nome do conservadorismo brasileiro atualmente.
O que é o conservadorismo político
O conservadorismo político está geralmente associado a políticas de direita e defende a preservação da propriedade privada, da riqueza pessoal e do individualismo. É uma ideologia que evita transformações radicais ou revolucionárias, que causem mudanças profundas e imediatas nas instituições.
Para o conservadorismo, as mudanças devem acontecer dentro das estruturas já existentes, de forma gradual e alinhada com os valores e práticas tradicionais.
As instituições como a família, a religião e o Estado seriam as bases que orientam o progresso social de modo natural e moderado. Sempre respeitando a continuidade das tradições e a estabilidade da sociedade.
Leia também: o que é a direita e a esquerda.
Diferença entre conservadorismo, liberalismo e neoliberalismo
Conservadorismo e liberalismo são ideologias que se manifestam em três áreas: clássica, social e econômica. No aspecto clássico, o conservadorismo é uma ideologia de direita que valoriza a ordem e a tradição, associada à autoridade.
Socialmente, o conservadorismo dá ênfase à hierarquia, defendendo que certos grupos têm papéis superiores na sociedade. No campo econômico, o conservadorismo adota práticas como austeridade e protecionismo, visando manter o controle e a estabilidade econômica.
Já o liberalismo clássico, prioriza a liberdade individual e a igualdade social. Economicamente, divide-se em liberalismo econômico clássico, que promove a liberdade de mercado sem intervenção estatal, e liberalismo econômico-social, que busca uma distribuição mais justa dos recursos.
O neoliberalismo é uma variação do liberalismo, surgida no final do século XX, que enfatiza a desregulamentação dos mercados e a privatização, acreditando que a liberdade econômica leva ao crescimento. No entanto, críticos alertam que essa abordagem pode aumentar as desigualdades sociais.
Alguns partidos conservadores de direita combinam valores tradicionais, como hierarquia e autoridade, com práticas neoliberais, promovendo um ambiente econômico de menor regulação. Assim, defendem a preservação de instituições culturais e sociais ao mesmo tempo em que incentivam um mercado livre.
Essa fusão de ideais buscaria garantir a estabilidade social e um mercado competitivo. Mas também podem prejudicar as classes mais vulneráveis com a redução de políticas de assistência e flexibilização de normas trabalhistas.
Saiba mais sobre o Liberalismo e o Estado liberal.
O que é o conservadorismo liberal
O conservadorismo liberal é uma ideologia econômica e social que combina elementos políticos conservadores com valores liberais. Ela adota a visão clássica de mínima intervenção estatal na economia, garantindo a liberdade dos indivíduos para participar no mercado e gerar riquezas.
No entanto, segundo essa ideologia, essa liberdade não se estende a todas as esferas da vida. O conservadorismo liberal defende a necessidade de um Estado forte para assegurar a ordem social e, por meio de instituições como a família e a educação, promover o sentimento de dever e responsabilidade nacional.
Politicamente, o conservadorismo liberal é considerado uma ideologia de centro-direita, que apoia as liberdades civis e uma postura socialmente conservadora, sempre com foco no fortalecimento econômico.
Origem do conservadorismo
O conservadorismo, enquanto postura de resistência a mudanças, surgiu durante as grandes revoluções sociais, políticas e econômicas dos séculos XVII e XVIII na Europa.
A Revolução Inglesa de 1640 e a Revolução Francesa de 1789 foram fundamentais para essas transformações, trazendo mudanças no paradigma econômico mundial e impulsionando a transição para o mundo moderno.
Esses movimentos progressistas deram origem ao capitalismo, que alterou profundamente os valores e pensamentos da época, primeiro na Europa e, mais tarde, no resto do mundo.
Como resposta natural a essas revoluções, formou-se a divisão entre conservadorismo e progressismo. Os conservadores defendiam a manutenção da ordem e das políticas vigentes, enquanto os progressistas apoiavam mudanças por meio de ações revolucionárias.
A ideologia conservadora é frequentemente atribuída aos pensadores Richard Hooker, David Hume e, sobretudo, Edmund Burke. Burke foi um dos principais críticos da Revolução Francesa, argumentando que as mudanças da época destruiriam a sociedade e suas instituições tradicionais.
Mais tarde, ele ficaria conhecido como o “pai do conservadorismo liberal”, devido a suas ideias que diferiam em alguns pontos das do partido conservador britânico.
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