Conservadorismo: origem, diferentes sentidos e exemplos

Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

Conservadorismo (também chamado de conservantismo) é uma postura política e social que visa promover a manutenção de valores, práticas e instituições tradicionais.

Em termos gerais, o conservadorismo valoriza a tradição, a hierarquia, a autoridade e os direitos de propriedade. No entanto, tendo em vista que o que é considerado tradicional varia conforme o lugar e a época, o conservadorismo não possui características universais fixas.

O conservadorismo tem como foco a estabilidade e continuidade, opondo-se às políticas progressistas ou revolucionárias. Assim, um indivíduo conservador é alguém que defende a permanência do status quo ou o retorno dos valores de uma época passada.

Uma postura conservadora pode se apresentar em diversos ramos da sociedade, como na política, na religião, na economia, etc.

Conservadorismo político

O conservadorismo é geralmente relacionado com políticas de direita e defende a preservação da propriedade privada, da riqueza pessoal e do individualismo.

Na política, o conservadorismo não visa impedir que qualquer mudança social aconteça, mas apenas aquelas de caráter revolucionário, que tenham repercussões institucionais profundas e imediatas. Nesse sentido, o conservadorismo político entende que as mudanças precisam ocorrer a partir das instituições e nunca contra elas.

O conservadorismo político adota que a tradição, a família, a escola e a religião devem ser as bases através das quais as mudanças sociais devem ocorrer natural e gradualmente.

Conservadorismo e liberalismo

Conservadorismo e liberalismo são conceitos variantes que se apresentam em três aspectos: clássico, social e econômico.

Em termos clássicos, o conservadorismo é a ideologia de direita marcada pela autoridade, ordem e tradição, como na aristocracia clássica. No aspecto social, o conservadorismo é a postura que enaltece a hierarquia. No campo econômico, o conservadorismo se divide em três vertentes:

  • Conservadorismo econômico clássico: que favorece os interesses da elite em um Estado.
  • Conservadorismo econômico fiscal: voltado às políticas de austeridade econômica (controle de gastos para obter equilíbrio fiscal).
  • Conservadorismo econômico-social: que foca em políticas econômicas protecionistas.

O liberalismo, no contexto clássico, é a ideologia de esquerda que favorece a liberdade, como na democracia clássica. Socialmente, o liberalismo favorece a igualdade. Na economia, o liberalismo possui duas formas:

  • Liberalismo econômico clássico: baseado na total liberdade econômica.
  • Liberalismo econômico-social: baseado na igualdade econômica.

Exemplos de valores conservadores

Abaixo, alguns exemplos de valores conservadores:

Valores conservadores clássicos Valores socialmente conservadores

Planejamento econômico

Restrições de imigração

Hierarquia social baseada em classes

Resistência a programas sociais

Não separação entre religião e Estado

Hierarquização social em termos de gênero, raça e etnia

Protecionismo

Ênfase no nacionalismo

Não direito a um julgamento justo

Controle sobre o mercado

Liberdade de expressão limitada

Isolacionismo

Não priorização de direitos humanos

Resistência a políticas progressistas

Conservadorismo liberal

O conservadorismo liberal é uma ideologia econômica e social que combina elementos políticos conservadores e posturas liberais.

O conservadorismo liberal incorpora a visão clássica de intervenção mínima do Estado na economia. Garante a todos os indivíduos a liberdade de participar no mercado e gerar riquezas.

No entanto, segundo o conservadorismo liberal, os indivíduos não podem ser totalmente livres em outras esferas da vida. Seria necessário um Estado forte que assegure a ordem e, por instituições sociais, desenvolva o sentimento de dever e responsabilidade da nação.

Em termos políticos, o conservadorismo liberal é tido como uma ideologia de centro-direita (ou direita moderada) que apoia as liberdades civis e posturas sociais conservadoras, sempre favorecendo a economia.

Origem do conservadorismo

O conservadorismo, enquanto postura de resistência a mudanças, teve origem durante as revoluções sociais, políticas e econômicas ocorridas na Europa durante os séculos XVII e XVIII.

A Revolução Inglesa de 1640 e a Revolução Francesa de 1789 foram as grandes responsáveis pelas mudanças no paradigma econômico mundial e a consequente transição para o mundo moderno.

Foram esses movimentos progressistas que deram origem ao capitalismo, que transformou drasticamente o pensamento e os valores da época, primeiro na Europa e depois no resto do mundo.

Como consequência natural dessas revoluções, surgiu a divisão entre conservadorismo e progressismo. Os primeiros defendiam a manutenção da ordem e da política vigente, enquanto os últimos apoiavam as mudanças através de movimentos revolucionários.

Enquanto ideologia política, a origem do conservadorismo é frequentemente atribuída aos filósofos políticos Richard Hooker, David Hume e, sobretudo, a Edmund Burke.

Burke foi um dos principais críticos da Revolução Francesa, afirmando que as mudanças da época destruiriam a sociedade e as instituições tradicionais. Mais tarde ele ficou conhecido como “pai do conservadorismo liberal”, tendo em vista que tinha ideais contrárias as do partido conservador britânico.

Conservadorismo no Brasil

No Brasil, o conservadorismo está intimamente relacionado aos partidos políticos de direita, embora pouquíssimos partidos se intitulem, oficialmente, conservadores.

A primeira forma de conservadorismo no Brasil ocorreu através do Partido Conservador, fundado por volta de 1836 com a proposta de proteger a integridade do país, e extinto com o estabelecimento da república de 1889.

Atualmente, o conservadorismo brasileiro defende o fortalecimento de instituições tradicionais como a família, a religião e a escola. Também valoriza os ideais de hierarquia e autoridade.

Considerando que não existem partidos nomeadamente conservadores, o conservadorismo no Brasil é observável através de políticos como Jair Bolsonaro, Silas Malafia ou outros membros da bancada evangélica.

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Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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