Ética Kantiana

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

Immanuel Kant (1724–1804) foi um filósofo que buscou desenvolver uma ética fundamentada no entendimento humano sobre o dever. A ética kantiana, por se basear no dever, é chamada ética deontológica (deon significa "dever" em grego).

Kant acreditava na autonomia da razão e que os seres são plenamente capazes de agir racionalmente, motivados pelo dever, ou seja, sabem racionalmente o que devem fazer.

A ética kantiana rompe com a tradição filosófica que associou sempre a moral com algo externo à ação, por exemplo, a religião, a felicidade, ou a utilidade da ação. Para Kant, a ação deve ser julgada em si mesma.

Isso significa dizer que para julgar a moralidade de uma ação, não se deve considerar a história ou o contexto anterior a ela, ou suas possíveis consequências. Ao afastar tudo o que é externo à ação, o indivíduo tem de decidir se sua ação é correta e deve ser praticada.

Para kant, o dever é a única motivação possível para uma ação moralmente correta. Nenhuma outra motivação (a busca de benefícios, de recompensa, de felicidade, de agradar a Deus, etc.) serve para guiar o comportamento. A partir do imperativo categórico, Kant acreditou ter encontrado um meio de julgar se uma ação é moral.

O que é o Imperativo Categórico?

O imperativo categórico é uma fórmula moral incondicional e absoluta desenvolvida para fundamentar as ações humanas. Com ele, Kant acreditou ter resolvido a questão da ação moral autônoma.

  • Autonomia: do grego auto (por si mesmo) e nomos (norma, regra) - criar ou seguir a própria regra. Exemplo: a vontade.
  • Heteronomia: do grego hetero (pelo outro) e nomos (norma, regra) - seguir regras criadas pelos outros. Exemplo: os mandamentos, as leis, as regras de um jogo.

O imperativo categórico seria o "princípio supremo de moralidade". Ao longo de sua obra, Kant propôs três formulações para o imperativo categórico:

  • "Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na outra pessoa, sempre como um fim e nunca como um meio."
  • "Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais."
  • "Age como se a máxima de tua ação devesse ser transformada em lei universal da Natureza."

Para Kant, se antes de agir o juízo da ação passasse pelo crivo do imperativo categórico, a ação seria sempre uma ação moral (uma boa ação).

mapa mental da ética kantiana

Segundo a ética kantiana, o imperativo categórico permite que os indivíduos sejam livres, já que a vontade (anterior à ação) estaria determinada pela lei moral.

Assim, as pessoas só sentiriam vontade de agir bem, podendo agir livremente, sem qualquer receio. Estas ações jamais seriam conflitantes, todas teriam a humanidade como objetivo e qualquer ação seria uma ação moral.

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Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).
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