Feudalismo
O feudalismo foi o sistema econômico, social e político predominante na Europa Ocidental durante a Idade Média, entre os séculos V e XV.
Com a queda do Império Romano em 476, os proprietários de terra acabaram por se refugiar em suas propriedades para fugir das constantes invasões bárbaras. "Bárbaros" era o nome dado, pelos romanos, aos povos germânicos, que viviam mais ao norte da Europa.
Ao se refugiar em suas propriedades, os senhores de terra também acolheram pessoas, que trabalhariam para eles em troca da proteção de viver em um feudo.
Esses trabalhadores e os donos de terra desenvolveram uma relação de servidão, construindo as figuras dos servos e dos senhores feudais.
Os servos estavam presos à terra e não eram propriedade do senhor feudal, portanto, não eram escravos, não poderiam ser vendidos ou trocados.
A relação de servidão sofreu influência do "colonato" romano, sistema em que um senhor garantia moradia e proteção a um trabalhador, em troca da sua força de trabalho.
Das influências germânicas se tem o "comitatus", no qual é criada uma relação entre doações de terras e proteção militar, o que inspirou o vínculo de suserania e vassalagem, típico da época.
O suserano era um nobre, grande proprietário de terra, que cedia terras para outro nobre, que seria o seu vassalo. Ao receber as terras, o vassalo passava a ter uma relação de lealdado com o suserano, dando apoio militar em caso de invasões.
Alguns dos principais aspectos do feudalismo são:
- Economia agrícola;
- Servidão;
- Relação de vassalagem e suserania;
- Não existia possibilidade de mobilidade social;
- Presença de três principais camadas sociais: nobreza, clero (a Igreja) e os servos;
- Poder jurídico, político e econômico concentrado nas mãos dos senhores feudais;
- Servos eram obrigados a pagar impostos e tributos aos senhores feudais;
- Forte influência da Igreja Católica;
- Guerras para obter novas terras eram comuns entre os senhores feudais.
Confira o mapa mental:
4 características do feudalismo explicadas
1. Sociedade no feudalismo
A sociedade feudal era dividida em três principais estamentos: a nobreza, o clero e os servos. A hipótese de mobilidade social era praticamente inexistente, ou seja, ao nascer em um nível social se estaria condenado a permanecer nele pelo resto da vida.
A constituição de cada uma dos estamentos acontecia da seguinte forma:
- Nobreza: composta pelos senhores feudais e suas famílias, responsáveis por administrar o feudo. Eles aplicavam as leis, cobravam impostos, administravam a justiça local, declaravam guerras, entre outros.
- Clero: formado pela Igreja Católica e representava a parcela mais importante e poderosa do regime feudal. A sua principal missão era gestão da religiosidade no feudo. Estavam livres de pagar impostos.
- Servos: era a maior parte das pessoas, os camponeses que trabalhavam nos feudos para garantir a subsistência dos locais. Eram obrigados a pagar inúmeros impostos e tributos.
Ainda existia outro tipo de relação entre estamentos, era o vínculo entre nobres conhecido como suserania e vassalagem. Essa relação era baseada na lealdade, na qual um nobre (suserano) doavam terras a outro nobre (vassalo), que em troca prometia aliança militar durante uma guerra.
2. Economia no feudalismo
As atividades comerciais eram praticamente inexistentes durante o feudalismo, sendo a agricultura de subsistência a principal fonte econômica dos feudos. Não existia troca monetária (dinheiro).
O escambo (troca de mercadorias) era adotado entre diferentes feudos, para que pudessem obter produtos que precisavam, mas que não haviam produzido.
Os servos trocavam a sua mão de obra por um local para habitarem na propriedade do senhor feudal, sendo que este deveria garantir a proteção dessas pessoas. Os servos eram responsáveis por produzir os alimentos, roupas e utensílios que fossem necessários para a vida feudo medieval.
3. Política no feudalismo
Toda a política estava centralizada nas mãos dos senhores feudais. Os reis lhe concediam privilégios e eram eles quem tinham a última palavra dentro de seus respectivos feudos.
Portanto, todas as decisões políticas, e também de justiça, eram tomadas conforme as vontades e opiniões do senhor feudal. Em caso de um crime, por exemplo, até poderia existir - apesar de não ser garantida - a chance de defesa, entretanto o veredito era dado pelo senhor.
4. A vida nos feudos
Em cada feudo era produzido o necessário para sobrevivência daquela comunidade. Os servos, os trabalhadores da propriedade, plantavam, colhiam, faziam vinho, azeite, farinha, pão, criavam gado, fabricavam queijo e manteiga, caçavam, pescavam e confeccionavam roupas.
Também existiam servos que trabalhavam em uma rudimentar indústria artesanal, criando utensílios para a agricultura, a vida doméstica e também armas para defesa.
O trabalho servil envolvia uma série de obrigações e pagamento de impostos, em troca da proteção de viver no feudo. Algumas dessas tributações eram:
- Talha: pagamento dado ao senhor feudal com parte do era produzido nas terras do manso servil (terras no feudo cedidas para o trabalho dos camponeses);
- Corveia: cada família de servos trabalhava gratuitamente durante alguns dias nas terras do senhor, o manso senhorial;
- Banalidade: pagamento de taxas pelo uso do moinho, do forno e outros objetos do feudo;
- Capitação: imposto cobrado de acordo pelo número de pessoas em uma família de servos;
- Mão morta: era o tributo pago quando chefe de uma família de servos morria, para permitir que a família continuasse no feudo servindo.
- Dízimo: pagamento dado ao Clero com parte do que era produzido.
Aos senhores feudais cabia a responsabilidade de gerir o feudo, formar exércitos particulares e proteger todos que viviam em sua propriedade. O clero controlava a religião e a produção de conhecimento.
A vida nos feudos medievais era muito difícil, especialmente para os servos. Além dos trabalhos pesados, os camponeses experienciavam condições de higiene e saúde degradantes, já que o saneamento e acesso à água corrente eram precários.
Infestações de piolhos e pulgas eram comuns, sendo usados alguns tipos de ervas para espantá-las. Inclusive os nobres e o clero, que tinham mais qualidade de vida, com mais acesso à água, por exemplo, também enfrentavam a insalubridade.
A educação e o conhecimento eram exclusivos da nobreza e do clero, mas estava especialmente concentrado nas mãos da Igreja. A Idade Média ficou conhecida como a idade das trevas, porque as crenças religiosas eram dominantes e a sociedade desacreditava o pensamento racional.
Origem do feudalismo
O sistema feudal começou a ser constituído a partir do século V, com a decadência do Império Romano. As invasões dos povos germânicos, chamados de "bárbaros" pelos romanos, obrigou os proprietários de terras a se afastarem das cidades, levando consigo os camponeses.
A Europa Ocidental passou por um forte processo de ruralização, a feudalização da economia e da sociedade levou vários séculos para se completar. A presença dos invasores e a insegurança social propiciaram o isolamento nos feudos em diferentes regiões.
Como os reis não tinham condições econômicas e militares para proteger as populações, a responsabilidade passou a ser dos grandes proprietários de terra.
Em troca de proteção, a grande maioria da população passou a viver em aldeias em torno dos castelos, dentro dos feudos, sujeitando-se ao trabalho agrícola, numa relação de servidão com o dono da terra.
Crise do feudalismo
De forma gradual, o sistema feudal começou a entrar em declínio, a partir do século X, quando reiniciou o crescimento das cidades e das relações comerciais.
Nos anos anteriores, a população europeia cresceu de forma acentuada, dificultando a vida nos feudos. Dessa forma, as cidades tiveram que voltar a ser habitadas e o comércio passou a ser a principal atividade exercida nesses locais.
Houve a criação de trabalhos assalariados, fazendo emergir uma nova classe: a burguesia. Era o começo do desenvolvimento de um novo regime econômico e social, o capitalismo.
No século XI, a Igreja Católica promoveu as Cruzadas, conhecida como a guerra santa, que tinha o objetivo de expulsar dos territórios da Palestina e de Jerusalém os árabes muçulmanos e travar a conquista de territórios por outros povos, que não fossem europeus cristãos.
O objetivo principal fracassou, entretanto os europeus, em suas viagens para a guerra, conquistaram terras, fizeram riquezas e impulsionaram também o comércio, acabando por ajudar a enfraquecer o modelo do feudalismo.
No século XIV, a pandemia de peste negra dizimou milhões de pessoas, tornando a vida dos que estavam nos feudos ainda mais complicada. Os senhores feudais aumentaram os impostos aos servos sobreviventes, visando suprir a falta de trabalhadores. A pressão fez com que muitos saíssem dos feudos em busca de melhores condições de trabalho nas cidades.
Por fim, no século XV, teve início o movimento do Renascimento, na Itália, que promovia os conhecimentos da Antiguidade clássica, e a racionalidade, fugindo do misticismo típico da Idade Média.
Esses acontecimentos permitiram o fim do feudalismo, a passagem da Idade Média para a Idade Moderna, a iniciação do capitalismo, assim como a criação dos estados-nações.
Resumo do feudalismo
Aspecto | Descrição |
---|---|
Estrutura Social | Dividida em três estamentos: nobreza, clero e servos. Não havia mobilidade social. |
Nobreza | Composta pelos senhores feudais que detinham poder político, jurídico e econômico. |
Clero | Controlava a religiosidade e a educação, possuindo grande influência e terras. |
Servos | Maioria da população, trabalhavam nas terras dos senhores e pagavam impostos. |
Economia | Baseada na agricultura de subsistência, com pouca ou nenhuma troca monetária. |
Suserania e Vassalagem | Relação entre nobres onde o suserano cedia terras ao vassalo em troca de apoio militar. |
Impostos e Tributos | Incluíam talha, corveia, banalidade, capitação, mão morta e dízimo. |
Poder Político | Descentralizado, com os senhores feudais exercendo controle local sobre suas terras. |
Influência da Igreja | Dominante, influenciando as leis e normas sociais. |
Vida no Feudo | Marcada pela autossuficiência, com comunidades isoladas e pouco desenvolvimento urbano. |
Guerras | Comuns para a aquisição de novas terras ou defesa dos feudos. |
Cultura | Dominada pela Igreja, com restrito acesso ao conhecimento e educação. |
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