Modernismo

Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

Modernismo ou Movimento Moderno foi um movimento artístico e cultural que surgiu no começo do século XX. Seu objetivo era romper com o "tradicionalismo", experimentando novas técnicas de criação artística.

O modernismo ficou marcado por transformações profundas, responsáveis por uma sensação de fragmentação da realidade. Os artistas modernistas sentiam a necessidade de mudar o meio em que viviam, experimentando novos conceitos.

Acreditava-se que as formas “tradicionais” das artes plásticas, literatura e música estavam totalmente ultrapassadas. Devia-se “criar” uma nova cultura, visando transformar as estruturas culturais e sociais já estabelecidas, substituindo-as por novas formas e visões.

Os artistas modernos, a partir dessas novas formas artísticas que se estabeleciam, desenvolviam as suas técnicas de criação e reprodução, fazendo surgir subjetivamente uma nova forma de pensar o sistema vigente.

O modo de pensar e o posicionamento do artista perante os processos da modernidade (a mudança, a efemeridade e a fragmentação), eram de extrema importância para a formação de uma estética modernista.

Características do Modernismo

Ruptura com o Tradicional

O modernismo representou uma ruptura significativa com as tradições e convenções estabelecidas, rompendo com padrões artísticos e culturais do passado.

Experimentação

Os artistas modernistas eram conhecidos por sua abordagem experimental, explorando novas técnicas, estilos e formas de expressão. Isso se refletiu na literatura, com o uso de novas estruturas narrativas; na pintura, com a introdução de estilos como o cubismo e o expressionismo; bem como na música, com a adoção de escalas e ritmos não convencionais.

Fragmentação da Realidade

Muitas obras modernistas refletiam a sensação de fragmentação da realidade, utilizando técnicas como a colagem e montagem para representar a complexidade e a instabilidade do mundo moderno.

Individualismo e Subjetivismo

O movimento valorizava a expressão individual e subjetiva, enfatizando as experiências pessoais dos artistas. Na literatura, por exemplo, essa característica se manifestou através do monólogo interior, do discurso indireto livre e da expressão do fluxo de pensamento.

Rejeição de Formas Convencionais

Os modernistas rejeitavam frequentemente as formas artísticas convencionais e tradicionais. Isso se traduziu em uma variedade de estilos inovadores e, por vezes, provocativos.

Engajamento Social e Político

Muitos artistas da época foram engajados em questões sociais e políticas. Suas obras frequentemente refletiam uma consciência crítica em relação à sociedade e buscavam provocar reflexões sobre as transformações em curso.

Multidisciplinaridade

O modernismo encorajou a colaboração entre diferentes formas de expressão artística, resultando em projetos multidisciplinares que integravam literatura, arte visual, música e outras manifestações culturais.

Principais autores e obras do Modernismo

Pintura

Pablo Picasso (1881-1973)

  • Les Demoiselles d'Avignon (1907)
  • Guernica (1937)

Salvador Dali (1904-1989)

  • A Persistência da Memória (1931)
  • A Tentação de Santo António (1946)

Vincent van Gogh (1853-1890)

  • A Noite Estrelada (1889)
  • Os Girassóis (1888)

Henri Matisse (1869-1954)

  • A Dança (1910)
  • A Alegria de Viver (1906)

Joan Miró (1893-1983)

  • O Carnaval de Arlequim (1925)
  • A Mulher com Cabeça de Flor (1938)

Piet Mondrian (1872-1944)

  • Composição com Vermelho, Azul e Amarelo (1921)
  • Broadway Boogie Woogie (1942–43)

Amedeo Modigliani (1884-1920)

  • Nu com colar vermelho (1917)
  • Retrato de Jeanne Hébuterne (1919)

Literatura

James Joyce (1882-1941)

  • Ulysses (1920)
  • Finnegans Wake (1939)

Virginia Woolf (1882-1941)

  • Mrs. Dalloway (1925)
  • Ao farol (1927)

T.S. Eliot (1888-1965)

  • The Waste Land (1922)
  • Quatro Quartetos (1943)

Ezra Pound (1885-1972)

  • The Cantos (1917–1962)
  • Hugh Selwyn Mauberley (1920)

William Faulkner (1897-1962)

  • O som e a fúria (1929)

Ernest Hemingway (1899-1961)

  • O sol também brilha (1926)
  • Adeus às armas (1932)

Franz Kafka (1883-1924)

  • O processo (1925)
  • A metamorfose (1915)

Fernando Pessoa (1888-1935)

  • Mensagem (1934)
  • Livro do Desassossego (publicado postumamente em 1982)

Outros exemplos de artistas do Modernismo

  • Música: Arnold Schoenberg, Igor Stravinsky, Béla Bartók

  • Arquitetura: Le Corbusier, Mies van der Rohe, Walter Gropius

  • Cinema: Sergei Eisenstein, Fritz Lang, Dziga Vertov

Modernismo no Brasil

No Brasil o Modernismo foi um movimento de grande importância, pois os artistas brasileiros ansiavam por uma libertação estética. Em outras palavras, ansiavam por deixar de "imitar" os modelos artísticos que surgiam na Europa e criar um genuinamente nacional, independente.

O ponto de partida do Modernismo no Brasil é considerado a Semana de Arte Moderna, que aconteceu entre os dias 11 e 18 de fevereiro 1922, em São Paulo.

Também conhecida por "Semana de 22", o evento era formado por um grupo de intelectuais que buscavam o rompimento com o "antigo". Para tanto, trouxeram influências das vanguardas europeias com o intuito de criar um modelo novo.

Entre os principais artistas representantes e que participaram da Semana de Arte Moderna estão:

  • Graça Aranha
  • Mário de Andrade
  • Oswald de Andrade
  • Menotti Del Pichia
  • Anita Malfatti
  • Heitor Villa-Lobos
  • Tácito de Almeira
  • Di Cavalcanti

O Modernismo no Brasil costuma ser dividido em três fases:

Primeira fase do Modernismo

Também conhecida como "Fase Heroica", iniciou-se com a Semana de Arte Moderna, em 1922, e ficou registrado como um momento para renovações da estética.

Os artistas se inspiravam nas vanguardas que surgiam na Europa. Esta fase também ficou conhecida devido à formação de importantes grupos modernistas, como o Movimento Antropófago (1928-1929) e o Manifesto Regionalista (1926).

Entre os artistas que se destacam nesta fase, estão: Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-945) e Alcântara Machado (1901-1935).

A primeira fase do Modernismo durou oito anos, entre 1922 e 1930.

Segunda fase do Modernismo

A "Fase de Consolidação", como também é chamada a segunda fase do Modernismo brasileira, tem como característica a exploração por temas nacionalistas e regionalistas. As obras artísticas do movimento moderno passam por um amadurecimento.

Alguns dos autores de destaque desta fase são:

  • Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
  • Raquel de Queiroz (1902-2003)
  • Jorge Amado (1912-2001)
  • Cecília Meireles (1901-1964)
  • Vinícius de Moraes (1913-1980)
  • Érico Veríssimo (1905-1975)

A segunda fase do Modernismo teve a duração de 15 anos, entre 1930 e 1945.

Terceira fase do Modernismo

Esta fase é motivo para muitos conflitos entre os estudiosos. Alguns defendem-na como fase "Pós-Modernista", considerando o seu término nos anos 1960. No entanto, existem outras teorias que dizem que seu fim foi nos anos 80, e há ainda quem considera a terceira fase do Modernismo ainda presente atualmente.

Como principal característica deste período está o predomínio e diversidade da prosa (intimista, regionalista, urbana, etc.). Outro destaque foi a formação do grupo "Geração de 45", que tentava produzir uma poesia mais neutra, com tons sérios, chamados de "neoparnasianos" (vanguarda rejeitada pelos modernistas).

Nesta fase, destacam-se: Clarice Linspector (1920-1977), Ariano Suassuna (1927-2014) e Guimarães Rosa (1908-1967).

Bibliografia:

  • CARPEAUX, O. M. As revoltas modernistas na literatura. Rio de Janeiro, Ediouro, s/d.
  • NASCIMENTO, E. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo Brasileiro: atualização cultural e “primitivismo” artístico. Gragoatá, Niterói, n. 39, p. 376-391, 2, 2015.

Veja também:

Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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