Muro de Berlim

Thiago Souza
Revisão por Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

O Muro de Berlim foi construído em 1961 visando separar as partes ocidental e oriental da cidade de Berlim, na Alemanha. O lado oeste da cidade ficava sob o controle dos Estados Unidos e o leste, da União Soviética.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a Alemanha nazista foi derrotada pelos exércitos Aliados, composto por Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética.

Por esse motivo, teve o seu território dividido entre os países vencedores. Berlim estava situada na parte oriental da Alemanha, entretanto, por ser a capital também foi divida entre os vitoriosos.

Em cada lado do muro estava vigente um modelo socioeconômico diferente: o lado oeste norte-americano vivia em um sistema capitalista, enquanto o lado leste soviético vivia um modelo comunista.

O Muro de Berlim foi um símbolo dessa divisão e também uma marca da disputa ideológica da Guerra Fria. Os dois modelos econômicos, o capitalismo norte-americano e o comunismo soviético, disputavam para ser o regime dominante em todo o mundo.

O muro foi construído pelo lado soviético a fim de evitar que houvesse migrações para o lado capitalista. Esteve de pé por 28 anos, até 1989, quando a própria população o derrubou, assinalando simbolicamente a derrota do sistema comunista.

Construção do Muro de Berlim

O Muro de Berlim foi construído por Walter Ulbricht, presidente da Alemanha Oriental, em 13 de agosto de 1961. Ele ordenou que tropas e veículos do exército fizessem uma barreira que impedisse a passagem de qualquer civil entre os lados ocidental e oriental.

A Alemanha já estava sob o comando de países estrangeiros desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Quando foi derrotada pelos Aliados, teve o seu território dividido entre Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética.

Enquanto o lado ocidental do país, liderado pelos Estados Unidos, Inglaterra e França, viva um regime capitalista, a parte oriental era comandada por um sistema comunista soviético. Os territórios eram chamados:

  • República Democrática da Alemanha - que utilizava o regime socialista;
  • República Federal da Alemanha - que utilizava o regime capitalista.

O critério que estabeleceu a divisão em Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental foi o modelo socioeconômico imposto a cada uma das partes do país.

Mapa divido em preto e vermelho de Berlim, em que preto é o lado ocidental e o vermelho, oriental do Muro de Berlim.
Mapa da divisão de Berlim nas partes Ocidental capitalista e Oriental comunista.

Mesmo a Alemanha Oriental já estando sob comando da União Soviética há cerca de 20 anos, somente na década de 1960 houve a necessidade de construção do muro em Berlim. O objetivo de frear a migração de pessoas do lado comunista para a parte capitalista.

A construção aconteceu de forma repentina e não levou em consideração ruas ou edifícios existentes no local. Muitas famílias, amigos e vizinhos foram separados e assim ficaram por quase três décadas. Quem tentasse pular o muro, podia ser preso ou morto.

O motivo oficial para a construção do Muro de Berlim era proteger a população de elementos fascistas que estariam conspirando contra a vontade de construir um estado socialista na parte leste da Alemanha.

O muro tinha 155 km de extensão e era vigiado por cerca de 300 torres de observação. Além de estar cercado de soldados armados, alarmes, cercas elétricas, cães de guarda e armadilhas, como as "camas de fakir”, que eram gramados cheios de pregos.

Queda do Muro de Berlim

Na década de 1980, a Alemanha Oriental, assim como a União Soviética, teve um agravamento da sua crise econômica, inclusive com a falta de alguns produtos nos mercados.

A crise econômica se tornou também uma crise política, devido a forte insatisfação popular e a criação de movimentos opositores ao governo.

Em 1989 houve uma onda de migração da Alemanha Oriental para vizinhos Hungria e Polônia. Esses países, apesar de também viverem em governos apoiados pela União Soviética, passaram por momentos de enfraquecimento do poder comunista.

Por exemplo: a abertura das fronteiras para países ocidentais por parte da Hungria, e a eleição de um governante não comunista na Polônia.

Pressionado, o governo da Alemanha Oriental anunciou que também abriria suas fronteiras, o que ocasionou a ida de muitas pessoas para os limites do muro, com o objetivo de passar a fronteira.

A demora na abertura da passagem fez com que a própria multidão começasse a destruir o muro, em 9 de novembro de 1989. Entretanto, a demolição de toda a extensão da parede aconteceu somente em 13 de junho de 1990.

Queda muro berlim população
A própria população destruiu o Muro de Berlim. Crédito: Raphaël Thiémard. CC BY-SA 2.0

Muro de Berlim e a derrota do comunismo

A queda do Muro de Berlim simbolizou a vitória do capitalismo sobre o comunismo na Guerra Fria. A abertura das fronteiras da Alemanha Oriental e logo em seguida a queda do muro expuseram ao mundo a fraqueza do regime.

Desde os anos de 1980, a URSS enfrentava sérios problemas econômicos e não tinha condições de enfrentar a competitividade imposta pelo capitalismo americano.

Os custos com a Guerra do Afeganistão (1979 - 1989) e a necessidade de manutenção do material bélico também ajudaram a abater ainda mais o bloco comunista.

Dois anos após a queda do Muro de Berlim, no dia 8 de novembro de 1991, a União Soviética deixou de existir oficialmente. Com isso, também terminou a Guerra Fria, com o capitalismo saindo como o modelo socioeconômico vencedor, que passou a ser adotado na maioria dos países.

Com a derrota comunista e o fim da URSS, a Alemanha deixou de estar dividida em dois blocos e se unificou, voltando a ser um só país.

Veja mais sobre o que é o comunismo, as características do comunismo e as diferenças entre comunismo e socialismo.

Muro de Berlim: o símbolo da Guerra Fria

O Muro de Berlim foi um símbolo da Guerra Fria porque mostrava concretamente a divisão ideológica que o mundo enfrentava durante a Guerra Fria.

Os países se dividiam entre os apoiadores do capitalismo norte-americano e do comunismo soviético. Aqueles que optavam por um ou por outro, interna e externamente, enfrentavam movimentos de resistência contrários.

O muro exemplificava de forma física uma divisão que acontecia não somente em Berlim, mas em todo o planeta. Por isso, a queda do Muro de Berlim (derrubado pelas próprias pessoas, especialmente as do lado soviético), representava uma insatisfação com a divisão e uma suposta predileção pelo modelo capitalista.

Por esse motivo, o mundo acompanhou de perto o acontecimento histórico, transmitido ao vivo pela televisão e pelo rádio em diversos países, inclusive no Brasil.

Saiba mais sobre a Guerra fria e o capitalismo.

O Muro de Berlim hoje

O Muro de Berlim foi quase todo destruído em 1989 e 1990, mas algumas partes da construção foram mantidas, como registro histórico, sendo atualmete atrações turísticas de Berlim.

É possível encontrar partes do muro em exposições pela cidade, entretanto, a maior parte da parede de concreto foi transformada em uma espécie de galeria de arte ao ar livre. O muro está repleto de grafites e outras expressões de arte que fazem, inclusive, críticas políticas.

Thiago Souza
Revisão por Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.
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