Língua Portuguesa

Aliteração (figura de linguagem)

Revisão por Igor Alves

Professor de Língua Portuguesa

A aliteração é uma figura de linguagem caracterizada pela repetição de sons consonantais em palavras próximas. Essa repetição tem em vista criar um efeito sonoro específico ou enfatizar determinadas ideias.

Exemplos:

"O vento varria a vastidão." (repetição do som de "v")
"O rato roeu a roupa do rei de Roma." (repetição do som de "r")
"Brilho, beleza, bom preço." (repetição do som de "b")

Nos exemplos acima, a aliteração atua como uma ferramenta expressiva para criar ritmo, fluidez e ênfase, além de gerar um efeito sonoro que pode reforçar a mensagem transmitida.

A aliteração pertence à categoria das figuras de som ou harmonia. Esses recursos expressivos utilizam a sonoridade das palavras para aumentar a expressividade e musicalidade dos textos.

Aliteração

Exemplos de aliteração

1. "Vivi várias vidas" (repetição do som de "v")

2. "Há um silêncio suave sobre as sombras." (repetição do som de "s")

3. "A bruxa má, muito má, misturava magia." (repetição do som de "m")

4. "Pétalas perfeitas, pintadas de púrpura." (repetição do som de "p")

5. "Com coragem e confiança, conquistaremos cada vitória." (repetição do som de "c")

6. "Fez frio forte no fim de fevereiro." (repetição do som de "f")

7. "Pedro pescava peixes para preparar o prato." (repetição do som de "p")

8. "Cecília cantava canções com carinho." (repetição do som de "c")

9. "Lúcia lambeu limões ligeiramente." (repetição do som de "l")

10. "Gatos grandes guinchavam grudados no galho." (repetição do som de "g")

Exemplos de aliteração em músicas e poemas

1. Trecho do poema "Violões que Choram", de Cruz e Sousa

"Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas,

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Tudo nas cordas dos violões ecoa

E vibra e se contorce no ar, convulso...

Tudo na noite, tudo clama e voa

Sob a febirl agitação de um pulso."

No poema citado,a aliteração com a letra "v" predomina no poema, especialmente nos três primeiros versos.

Essa repetição contribui para criar uma atmosfera suave, melódica e fluida, que remete ao som dos violões e das vozes quase sussurradas, como se estivessem envoltas em mistério.

A suavidade do som "v" evoca a leveza do vento e do som, criando uma sensação de continuidade e movimento.

2. Trecho do poema "Heroísmos", de Cesário Verde

"Eu temo muito o mar, o mar enorme,

Solene, enraivecido, turbulento,

Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;

O mar sublime, o mar que nunca dorme."

A aliteração no poema ajuda a reforçar a imagem de um mar grandioso e temido. A repetição do som "m" traz uma sensação de profundidade e solenidade, enquanto a aliteração com o som "r" intensifica a ideia de turbulência e agitação.

Juntas, essas figuras de som criam uma descrição poderosa e evocativa do mar, transmitindo tanto seu aspecto majestoso quanto sua força imponente.

3. Trecho da música "Pedro pedreiro", de Chico Buarque

"Pedro pedreiro penseiro esperando o trem

Manhã, parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem

De quem não tem vintém

Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa

E a gente vai ficando pra trás"

A canção utiliza a repetição do som "p" para criar um ritmo que reflete a monotonia e a rotina repetitiva da vida de Pedro, que está preso em um ciclo de espera.

Essa repetição enfatiza a sensação de estagnação e frustração, enquanto o contraste com outros sons, como o "b", destaca a desigualdade entre aqueles que têm e os que não têm.

4. Trecho da música "Chove chuva", de Jorge Ben Jor

"Chove chuva

Chove sem parar

Pois eu vou fazer uma prece

Pra Deus, nosso Senhor

Pra a chuva parar

De molhar o meu divino amor"

A música de Jorge Ben Jor usa a repetição do som "ch" em "Chove chuva" e "Chove sem parar" para criar um ritmo que reflete a persistência e a intensidade da chuva.

Essa repetição reforça a sensação de um fenômeno constante e incessante. O som "ch" também contribui para uma sonoridade que imita o som da chuva, intensificando o impacto emocional da mensagem.

Aliteração e assonância

Aliteração e assonância são figuras de linguagem que lidam com a sonoridade das palavras, mas de formas diferentes.

A aliteração, como já vimos, é a repetição de sons consonantais em palavras próximas ou em destaque em uma frase.

Exemplo:

"Coca-Cola, a cola que cola." (repetição do som de "c")

A assonância, por sua vez, é a repetição de sons vocálicos tônicos (pronunciados com mais intensidade) em palavras próximas.

Exemplos:

"A água do mar estava clara." (repetição das vogais tônicas "a")
"Vou me embora agora para a casa da Aurora." (repetição das vogais tônicas "o")
"O verde das folhas acalma a alma." (repetição das vogais tônicas "a")

Exercícios

1. Observe o trecho do livro "Sagarana", de Guimarães Rosa. Nele o escritor descreve o comportamento de um boi. Leia-o atentamente e responda à questão:

"Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando… Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito… Vai, vem, volta, vem na vara, vai na volta, vai varando…"

Podemos afirmar que a figura de linguagem predominante no trecho é:

a) aliteração

b) assonância

c) metáfora

d) metonímia

e) pleonasmo

2. Assinale a alternativa em que ocorre aliteração:

a) Água de fonte... água de oceano... água de pranto. (Manuel Bandeira)

b) “A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia.” (Chico Buarque)

c) “Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então.” (Clarice Lispector)

d) “Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da mesma cor.” (Mário Quintana)

3. Leia os seguintes versos: