Significado de Autismo

Dra. Juliana Guimarães
Revisão por Dra. Juliana Guimarães
Enfermeira Doutorada em Saúde Pública

O que é o Autismo:

O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado como uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento ao longo da vida.

As principais alterações identificadas são o déficit nas áreas de comunicação e socialização, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

Com o correto tratamento, a pessoa autista pode ter uma vida normal, dependendo do nível de gravidade do distúrbio. Por norma, os sinais de autismo podem ser identificados antes dos 36 meses de idade.

Durante a infância, esse distúrbio costuma ser chamado de autismo infantil, uma síndrome de comportamento que predomina em meninos e faz com que as crianças tenham reações comportamentais diferentes. O principal sintoma do autismo infantil é o isolamento.

As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas diversos estudos sugerem que a causa pode variar entre fatores genéticos ou algo de natureza externa, como complicações durante a gravidez ou a sequela de uma infecção provocada por um vírus.

Tipos de autismo

O diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo é classificado em três tipos principais.

Autismo clássico

Apesar de o comprometimento poder variar muito, quando enquadrada nesse grau de autismo, a pessoa pode ser voltada para si mesma.

Pode ocorrer ausência de contato visual, dificuldade de compreensão e distúrbios mentais importantes.

Autismo de alto desempenho

Esse grau de autismo antes era chamado de Síndrome de Asperger.

Os sintomas são parecidos com os de outros tipos de autismo, mas em proporções bem reduzidas. Os autistas de alto desempenho podem ser verbais e também inteligentes a ponto de serem confundidos com gênios.

Distúrbio Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação

Também representado pela sigla (DGD-SOE), o Distúrbio Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação é de difícil diagnóstico visto não apresentar sintomas suficientes para que possa ser incluído em uma das categorias do transtorno.

Apesar disso, os portadores são classificados dentro do espectro do autismo.

Características do autismo

Existem vários graus de autismo, com diferentes níveis de gravidade, sendo as características mais marcantes entre os portadores:

  • Dificuldade em estabelecer interações sociais,
  • Interesse compulsivo por algo,
  • Presença de comportamentos repetitivos.

Na realidade, a dificuldade em estabelecer interações sociais também se deve ao fato de o autista ter dificuldades em entender e aplicar as normas sociais, que normalmente são aprendidas com base na observação e na intuição.

Os autistas ainda podem apresentar distúrbios sensoriais, que fazem com que tenham uma percepção diferenciada do mundo ao seu redor. É comum, por exemplo, a elevada sensibilidade auditiva. Isso faz com que eles se incomodem com ruídos que não perturbariam uma pessoa que não é autista.

Ressalta-se que o autismo não significa “falta de inteligência”, visto que existem autistas em todos os níveis de QI (alto, médio e baixo).

A principal barreira enfrentada pelo autista é a dificuldade em se comunicar e expressar o seu modo distinto de interpretar o mundo ao seu redor.

A dificuldade em estabelecer contatos sociais e comportamentos repetitivos são sintomas mais comuns em todos os graus da doença.

De modo geral, a pessoa autista pode apresentar:

  • Comportamento agressivo.
  • Falta de contato visual com outras pessoas.
  • Irritabilidade.
  • Repetição de palavras (sem que haja um sentido).
  • Imitação involuntária de movimentos.
  • Hiperatividade.
  • Dificuldade de aprendizagem.
  • Dificuldade em lidar com mudança (de planos, de casa, de horários, de escola, etc.).
  • Atraso na capacidade da fala.
  • Manifestação de emoções extremas (em ocasiões onde não deveriam acontecer).
  • Perda da fala.
  • Falta de atenção.
  • Interesse intenso em coisas específicas.
  • Depressão.
  • Falta de empatia.
  • Ansiedade.
  • Costume de andar na ponta dos pés.
  • Tiques e manias nervosas.

Os sintomas podem variar de acordo com o nível do autismo, ou seja, não é necessário que uma pessoa apresente todos os sintomas para ser considerada autista.

Graus de autismo

De acordo com o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria, não existem subtipos de autismo, mas sim diferentes níveis ou graus do transtorno.

Esses graus são definidos de acordo com as habilidades e capacidades da pessoa autista.

Autismo Leve

Também chamado de autismo de grau leve e autismo de nível 1, é considerado um tipo sutil de autismo, diagnosticado a partir da observação de alguns detalhes sobre o comportamento do indivíduo.

Veja alguns exemplos.

  • Estabelece pouco contato visual com outras pessoas.
  • Não dá prosseguimento aos diálogos.
  • Não sabe se comunicar por gestos.
  • Tem dificuldade em aceitar regras de imediato.
  • É antissocial.
  • Não costuma responder quando chamado pelo nome, entre outras características.

No autismo leve a pessoa não apresenta dificuldades motoras ou na linguagem, como acontece em alguns graus mais graves deste distúrbio.

Autismo moderado

Também chamado de autismo de grau moderado e autismo de nível 2, o autismo moderado tem como principais sintomas os transtornos de comunicação e a deficiência de linguagem.

O autismo moderado é um meio-termo onde o autista não é tão independente como no autismo leve, mas não precisa de tanto suporte como no autismo severo.

A pessoa autista de nível dois apresenta alguma inflexibilidade comportamental e pouca iniciativa de interação social.

Autismo severo

Também chamado de autismo de grau severo ou autismo de nível 3, o autismo severo geralmente apresenta como principais sintomas a não verbalização e a acentuada dependência.

A comunicação não-verbal também é bastante prejudicada.

O autista apresenta um grande nível de estresse e grande dificuldade em lidar com mudanças de rotina.

Além disso, é frequente a pessoa autista de nível 3 apresentar comportamentos repetitivos.

Veja o significado de transtorno.

Tratamentos para o autismo

O autismo não tem cura. A criança com autismo se tornará um adulto com autismo.

Porém, existem diversos tratamentos que ajudam a minimizar os sintomas das pessoas que possuem esse distúrbio.

A criança com autismo deve ser acompanhada por um fonoaudiólogo que a ajudará a desenvolver sua linguagem verbal e não verbal.

A terapia ocupacional ou comportamental também é importante para ajudar o autista a desenvolver uma melhor resposta aos estímulos sensoriais.

Não existe um medicamento para o autismo e nem um tratamento geral, visto que são aplicadas diferentes técnicas de acordo com a gravidade da doença.

O constante acompanhamento psicológico feito por profissionais qualificados é essencial para a aplicação de qualquer tipo de terapia.

Curiosidade

Em 2017 foi sancionada uma lei no Brasil que institui a inclusão do símbolo referente ao autismo nas placas de atendimento prioritário de estabelecimentos privados e públicos.

A lei foi publicada no Diário Oficial em maio de 2017 e os estabelecimentos que a descumprirem ficam sujeitos a multas e sanções.

A prioridade no atendimento já era um direito das pessoas autistas. A inserção do símbolo veio como uma forma de conscientização.

autismo placaA fita quebra-cabeça é o símbolo mundial da conscientização sobre o autismo.

Dra. Juliana Guimarães
Revisão por Dra. Juliana Guimarães
Doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública e pós-Doutorada em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza. Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. COREN 109692
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