Dia da Consciência Negra
O dia da consciência negra é celebrado em 20 de novembro. A data foi escolhida em homenagem a Zumbi dos Palmares, que morreu nesse dia e foi um dos maiores líderes da história da resistência negra brasileira.
O dia da consciência negra existe para refletir e conscientizar sobre a importância da população negra para a formação do Brasil e sua identidade, assim como combater o racismo.
Na data é comum a realização de manifestações políticas, debates, exposições e atividades artísticas que discutam e valorizem o povo negro, sua cultura e história.
Seu significado é importante porque possibilita reunir a população, artistas, intelectuais e mídia para abordar temas e pautas essenciais, que sem a data poderiam não ganhar o devido espaço público.
O dia na consciência negra é uma data comemorativa nacional tipificada pela Lei n.º 12.519 em 2011. Mas que desde 2003 já fazia parte do calendário escolar brasileiro (assim como a obrigatoriedade do ensino sobre história e cultura afro-brasileira).
Porém, não se trata de um feriado nacional, apenas alguns estados e cidades a adotam dessa maneira. Por exemplo, o Rio de Janeiro, Mato Grosso, Alagoas, Amazonas e Amapá adotam o feriado.
O que é consciência negra
A consciência negra é o entendimento e a compreensão por parte de pessoas negras do seu próprio valor, sua dignidade enquanto ser humano e da sua importância política e histórica para o Brasil.
É o reconhecimento e valorização da herança afro-brasileira e da necessidade de se impor contra o racismo, lutando por uma sociedade mais justa e igualitária. Em resumo, trata-se em se orgulhar da própria identidade racial.
A história das pessoas negras no Brasil é repleta de violência e discriminação. A partir do século XVI milhões de africanos foram trazidos a força para serem escravizados, após mais de 350 anos de regime, a abolição não trouxe reparação pelos abusos sofridos.
Pelo contrário, a população negra continuou a ser marginalizada, muitas vezes tendo o acesso a oportunidades e melhor qualidade de vida negados por um racismo estrutural.
Os direitos alcançados nas últimas décadas (como as cotas raciais em universidades e concursos públicos, e a equiparação dos crimes de injúria racial e racismo) foram resultados da luta dos movimentos políticos negros.
Portanto, ter consciência negra é ter conhecimento sobre essa realidade e os problemas que o racismo cria, mas ao mesmo tempo se orgulhar de existir e resistir apesar das dificuldades.
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História da consciência negra
A origem do conceito de consciência negra está nas organizações políticas de caráter antirracista, o movimento negro do Brasil, na década de 1970. Quilombolas do Rio Grande do Sul e o Movimento Negro Unificado (MNU) foram essenciais para a criação do dia da consciência negra e a popularização do tema.
Foram eles que começaram a desenvolver as primeiras manifestações e debates em torno do assunto, visando princialmente o combate ao racismo no Brasil.
Nesse período o movimento negro brasileiro ganhou força e passou a organizar mais efetivamente a pauta racial no país, impulsionando o combate ao racismo e promovendo o que seria a consciência negra.
Além da movimentação política, esses grupos são responsáveis por pensar a realidade da população negra academicamente e artisticamente, em expressões na música, na dramaturgia e na literatura.
O surgimento do dia da consciência negra se inspirou também no chamado Black History Month (Mês da História Negra), dos Estados Unidos e Canadá, celebrado em fevereiro.
Zumbi dos Palmares e o dia da consciência negra
O 20 de novembro foi escolhido como dia da consciência negra em uma homenagem a Zumbi dos Palmares. Zumbi morreu nesse mesmo dia em 1695, ele foi um dos grandes líderes da resistência negra durante o período colonial.
Zumbi foi o chefe do Quilombo dos Palmares. Os quilombos eram vilarejos construídos por ex-escravizados fugitivos, que juntos se organizavam para viver livres e conservar elementos da cultura africana.
Palmares foi o maior quilombo construído no Brasil, seu surgimento remonta o ano de 1580 e chegou abrigar mais de 20 mil pessoas. Zumbi nasceu em Palmares, mas foi capturado ainda criança. Quando jovem, conseguiu fugir e voltar ao quilombo.
Ele era reconhecido por ser um excelente guerreiro e estrategista militar, como líder de Palmares, resistiu a ataques do exercício português. Em 1965, entretanto, foi morto em um ataque a Palmares, Zumbi foi decapitado, sua cabeça exposta em praça pública e o quilombo destruído.
Até hoje a figura de Zumbi dos Palmares tem grande importância na luta contra a escravidão e na resistência negra, ele está entre as principais figuras históricas brasileiras.
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