Verbo
O verbo, na gramática da língua portuguesa, designa a classe de palavras que indicam ação, uma situação ou mudança de estado.
Os verbos são classificados quanto à conjugação, semântica e ainda quanto à morfologia. Podem ser flexionados em pessoa, número, modo, tempo e voz.
A origem do termo “verbo” vem do latim "verbum", que significa “palavra”.
Conjugações verbais
Temos, no português, três conjugações caracterizadas pelas vogais temáticas “a”, “e”, “i”:
- Os verbos da primeira conjugação têm como vogal temática “a”. Exemplos: comprar, namorar, beijar.
- Os da segunda conjugação, a vogal temática “e”: vender, sofrer, perder.
- Os da terceira conjugação, a vogal temática “i”: partir, sentir, dividir.
Flexões de número e pessoa
Os verbos variam em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda e terceira):
singular | plural | |
---|---|---|
1ª pessoa | eu amo | nós amamos |
2ª pessoa | tu amas | vós amais |
3ª pessoa | ele ama | eles amam |
Flexões de modo
Modos são as diferentes formas do verbo para indicar as maneiras de um fato se realizar.
Modo indicativo
Exprime um fato exato. Só há uma possibilidade: a apresentada. É o modo da informação.
Exemplos:
- Vou hoje.
- Amei aquela mulher.
- Iremos ao futebol com Josué.
Modo subjuntivo
Indica um fato possível, duvidoso, hipotético. É o modo subjetivo.
Exemplos:
- É provável que faça bom tempo.
- Se você dissesse a verdade…
- Quando eu te pegar…
Modo imperativo
Enuncia ordem, proibição, pedido, conselho, súplica.
Exemplos:
- Deixa-nos em paz!
- Vem, minha flor-de-maracujá!
- Estudai, estudai meus filhos!
Flexões de tempo
Existem três tempos: presente, passado (ou pretérito) e futuro. Os tempos verbais podem ser simples ou compostos e estão enquadrados nos três modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.
Indicativo simples
- Presente do indicativo. (eu amo)
- Pretérito perfeito do indicativo. (eu amei)
- Pretérito imperfeito do indicativo. (eu amava)
- Pretérito mais-que-perfeito do indicativo. (eu amara)
- Futuro do presente do indicativo. (eu amarei)
- Futuro do pretérito do indicativo. (eu amaria)
Indicativo composto
- Pretérito perfeito composto do indicativo. (tenho amado)
- Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo. (havia amado)
- Futuro do presente composto do indicativo. (terei amado)
- Futuro do pretérito composto do indicativo. (teria amado)
Subjuntivo simples
- Presente do subjuntivo. (que eu ame)
- Pretérito imperfeito do subjuntivo. (se eu amasse)
- Futuro do subjuntivo. (quando/se eu amasse)
Subjuntivo composto
- Pretérito perfeito composto do subjuntivo. (que eu tenha amado)
- Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo. (se eu tivesse amado)
- Futuro composto do subjuntivo. (quando eu tiver amado)
Imperativo
- Imperativo afirmativo. (ama tu)
- Imperativo negativo. (não ames tu)
Saiba mais sobre tempos verbais.
Formas nominais
Além dos três modos, existem as formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio. Elas enunciam um fato de maneira vaga, imprecisa, impessoal.
Chamam-se “formas nominais” porque, além de verbos, podem adquirir a função de “nomes” na oração.
Infinitivo
Com a terminação “r”, o infinitivo equivale a um substantivo. Na frase “o passar dos anos”, por exemplo, “passar”, que está no infinitivo, equivale ao substantivo “passagem”.
O infinitivo pode-se substantivar, caso em que permite pluralização, como qualquer outro substantivo terminado em “r”. É o que ocorre, por exemplo, em “os deveres”, “os cantares”, “os falares”.
O infinitivo pode ser impessoal (sem flexão) ou pessoal (flexionado):
Infinitivo impessoal |
Infinitivo pessoal |
---|---|
cantar | cantar |
cantares | |
cantar | |
cantarmos | |
cantardes | |
cantarem |
Gerúndio
Com a terminação "ndo", o gerúndio equivale a um advérbio ou adjetivo.
Exemplos:
- Amanhecendo, procuraremos a sua casa (função de advérbio).
- Água fervendo saiu do radiador (função de adjetivo).
Particípio
O particípio equivale a um adjetivo.
Exemplos:
- Querida companheira…
- A deputada eleita discursou.
- Rapazes atrapalhados, aqueles.
Vozes verbais
A flexão em vozes dos verbos indica se o sujeito da frase pratica ou sofre a ação.
Voz ativa
Quando o sujeito da frase pratica ação, temos a voz ativa.
Exemplos:
- Fiz as compras do mês.
- Comeram todos os doces.
- João dormiu cedo.
Voz passiva
Quando o sujeito gramatical sofre a ação, temos a voz passiva. Neste caso, o sujeito é chamado “paciente” de uma ação praticada pelo “agente” da voz passiva.
Voz passiva analítica
A voz passiva analítica é composta por um sujeito (paciente), um verbo auxiliar, um verbo no particípio, uma preposição e o agente da passiva.
Exemplos:
- O bife foi comido por mim.
- Daniela foi elogiada pela Juliana.
Voz passiva sintética
A voz passiva sintética é composta por um verbo transitivo, o pronome “se” e um sujeito paciente.
Exemplos:
- Venderam-se os carros.
- Apedrejaram-se as vidraças.
Voz reflexiva
Quando o sujeito pratica e sofre a ação simultaneamente, temos a voz reflexiva. Nela, o verbo é sempre acompanhado de um pronome oblíquo reflexivo: “me”, “te”, “se”, “nos” ou “vos”.
Exemplos:
- Pedro se cortou com a lâmina de barbear.
- Alimentou-se balanceadamente.
- Amaram-se por muitos anos.
Classificação morfológica
Verbos regulares
Verbos regulares são aqueles que possuem um modelo fixo de conjugação, isto é, que não sofrem alterações no radical e nem nas terminações quando conjugado.
Exemplos de verbos regulares: “amar”, “viver”, “partir”.
Verbos irregulares
Verbos irregulares são aqueles que não possuem um modelo fixo de conjugação, pois sofrem alterações no radical e/ou nas terminações quando conjugados.
Exemplos de verbos irregulares: “dar”, “medir”, “trazer”.
Verbos anômalos
Verbos anômalos são verbos irregulares que apresentam modificações completas em seus radicais quando conjugados. Existem dois verbos anômalos na língua portuguesa: “ser” e “ir”.
Exemplos:
- Verbo “ser”: sou, fui, era.
- Verbo “ir”: vou, fui, irei.
Verbos defectivos
Chamam-se defectivos os verbos de conjugação incompleta. Faltam-lhes algumas pessoas, tempos ou modos.
Exemplos de verbos defectivos: “reaver”, “precaver”, “falir”, “explodir”, “demolir”, “colorir”, “abolir”.
Verbos abundantes
São chamados abundantes os verbos que possuem alguma forma dupla. Agrupam-se entre os abundantes especialmente os verbos com dois particípios.
Exemplos:
- Primeira conjugação: “aceitar” (aceito/aceitado), “entregar” (entregado/entregue), “enxugar” (enxugado/enxuto).
- Segunda conjugação: “acender” (acendido/aceso), “eleger” (elegido/eleito), “morrer” (morrido/morto).
- Terceira conjugação: “frigir” (frigido/frito), “omitir” (omitido/omisso), “imprimir” (imprimido/impresso).
Classificação semântica
Verbos transitivos
Um verbo transitivo é aquele que admite o complemento direto, complemento indireto ou complemento direto e indireto. Neste caso, o conteúdo semântico do verbo transita para o complemento em questão.
Verbos intransitivos
Intransitivo é a designação de um verbo construído sem complemento direto ou indireto. (por exemplo: nascer, morrer). Neste caso, o conteúdo semântico do verbo não transita para o complemento.
Bibliografia:
- CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Companhia Editora Nacional. 2009.
- CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Lexikon, 2013.
- TELLES, V. T. Curso prático de redação e gramática aplicada. Curitiba, Bolsa Nacional do Livro, 1984.
Veja também:
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Adjetivo: o que é, exemplos e tipos
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Pronome: o que é, tipos e exemplos
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Advérbio: o que é, tipos e exemplos
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Classes Gramaticais
- Artigo: o que é, exemplos e tipos (definido e indefinido)
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O que é uma Preposição
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Conjunções
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Morfologia da Língua Portuguesa: o que é e exemplos
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Tempos e modos verbais: pretérito, presente e futuro
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O que é Sujeito: exemplos, tipos e como identificar cada um