Verbo

Igor Alves
Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

O verbo, na gramática da língua portuguesa, designa a classe de palavras que indicam ação, uma situação ou mudança de estado.

Os verbos são classificados quanto à conjugação, semântica e ainda quanto à morfologia. Podem ser flexionados em pessoa, número, modo, tempo e voz.

A origem do termo “verbo” vem do latim "verbum", que significa “palavra”.

Conjugações verbais

Temos, no português, três conjugações caracterizadas pelas vogais temáticas “a”, “e”, “i”:

  • Os verbos da primeira conjugação têm como vogal temática “a”. Exemplos: comprar, namorar, beijar.
  • Os da segunda conjugação, a vogal temática “e”: vender, sofrer, perder.
  • Os da terceira conjugação, a vogal temática “i”: partir, sentir, dividir.

Flexões de número e pessoa

Os verbos variam em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda e terceira):

singular plural
1ª pessoa eu amo nós amamos
2ª pessoa tu amas vós amais
3ª pessoa ele ama eles amam

Flexões de modo

Modos são as diferentes formas do verbo para indicar as maneiras de um fato se realizar.

Modo indicativo

Exprime um fato exato. Só há uma possibilidade: a apresentada. É o modo da informação.

Exemplos:

  • Vou hoje.
  • Amei aquela mulher.
  • Iremos ao futebol com Josué.

Modo subjuntivo

Indica um fato possível, duvidoso, hipotético. É o modo subjetivo.

Exemplos:

  • É provável que faça bom tempo.
  • Se você dissesse a verdade…
  • Quando eu te pegar

Modo imperativo

Enuncia ordem, proibição, pedido, conselho, súplica.

Exemplos:

  • Deixa-nos em paz!
  • Vem, minha flor-de-maracujá!
  • Estudai, estudai meus filhos!

Flexões de tempo

Existem três tempos: presente, passado (ou pretérito) e futuro. Os tempos verbais podem ser simples ou compostos e estão enquadrados nos três modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.

Indicativo simples

  • Presente do indicativo. (eu amo)
  • Pretérito perfeito do indicativo. (eu amei)
  • Pretérito imperfeito do indicativo. (eu amava)
  • Pretérito mais-que-perfeito do indicativo. (eu amara)
  • Futuro do presente do indicativo. (eu amarei)
  • Futuro do pretérito do indicativo. (eu amaria)

Indicativo composto

  • Pretérito perfeito composto do indicativo. (tenho amado)
  • Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo. (havia amado)
  • Futuro do presente composto do indicativo. (terei amado)
  • Futuro do pretérito composto do indicativo. (teria amado)

Subjuntivo simples

  • Presente do subjuntivo. (que eu ame)
  • Pretérito imperfeito do subjuntivo. (se eu amasse)
  • Futuro do subjuntivo. (quando/se eu amasse)

Subjuntivo composto

  • Pretérito perfeito composto do subjuntivo. (que eu tenha amado)
  • Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo. (se eu tivesse amado)
  • Futuro composto do subjuntivo. (quando eu tiver amado)

Imperativo

  • Imperativo afirmativo. (ama tu)
  • Imperativo negativo. (não ames tu)

Saiba mais sobre tempos verbais.

Formas nominais

Além dos três modos, existem as formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio. Elas enunciam um fato de maneira vaga, imprecisa, impessoal.

Chamam-se “formas nominais” porque, além de verbos, podem adquirir a função de “nomes” na oração.

Infinitivo

Com a terminação “r”, o infinitivo equivale a um substantivo. Na frase “o passar dos anos”, por exemplo, “passar”, que está no infinitivo, equivale ao substantivo “passagem”.

O infinitivo pode-se substantivar, caso em que permite pluralização, como qualquer outro substantivo terminado em “r”. É o que ocorre, por exemplo, em “os deveres”, “os cantares”, “os falares”.

O infinitivo pode ser impessoal (sem flexão) ou pessoal (flexionado):

Infinitivo impessoal

Infinitivo pessoal

cantar cantar
cantares
cantar
cantarmos
cantardes
cantarem

Gerúndio

Com a terminação "ndo", o gerúndio equivale a um advérbio ou adjetivo.

Exemplos:

  • Amanhecendo, procuraremos a sua casa (função de advérbio).
  • Água fervendo saiu do radiador (função de adjetivo).

Particípio

O particípio equivale a um adjetivo.

Exemplos:

  • Querida companheira…
  • A deputada eleita discursou.
  • Rapazes atrapalhados, aqueles.

Vozes verbais

A flexão em vozes dos verbos indica se o sujeito da frase pratica ou sofre a ação.

Voz ativa

Quando o sujeito da frase pratica ação, temos a voz ativa.

Exemplos:

  • Fiz as compras do mês.
  • Comeram todos os doces.
  • João dormiu cedo.

Voz passiva

Quando o sujeito gramatical sofre a ação, temos a voz passiva. Neste caso, o sujeito é chamado “paciente” de uma ação praticada pelo “agente” da voz passiva.

Voz passiva analítica

A voz passiva analítica é composta por um sujeito (paciente), um verbo auxiliar, um verbo no particípio, uma preposição e o agente da passiva.

Exemplos:

  • O bife foi comido por mim.
  • Daniela foi elogiada pela Juliana.

Voz passiva sintética

A voz passiva sintética é composta por um verbo transitivo, o pronome “se” e um sujeito paciente.

Exemplos:

  • Venderam-se os carros.
  • Apedrejaram-se as vidraças.

Voz reflexiva

Quando o sujeito pratica e sofre a ação simultaneamente, temos a voz reflexiva. Nela, o verbo é sempre acompanhado de um pronome oblíquo reflexivo: “me”, “te”, “se”, “nos” ou “vos”.

Exemplos:

  • Pedro se cortou com a lâmina de barbear.
  • Alimentou-se balanceadamente.
  • Amaram-se por muitos anos.

Classificação morfológica

Verbos regulares

Verbos regulares são aqueles que possuem um modelo fixo de conjugação, isto é, que não sofrem alterações no radical e nem nas terminações quando conjugado.

Exemplos de verbos regulares: “amar”, “viver”, “partir”.

Verbos irregulares

Verbos irregulares são aqueles que não possuem um modelo fixo de conjugação, pois sofrem alterações no radical e/ou nas terminações quando conjugados.

Exemplos de verbos irregulares: “dar”, “medir”, “trazer”.

Verbos anômalos

Verbos anômalos são verbos irregulares que apresentam modificações completas em seus radicais quando conjugados. Existem dois verbos anômalos na língua portuguesa: “ser” e “ir”.

Exemplos:

  • Verbo “ser”: sou, fui, era.
  • Verbo “ir”: vou, fui, irei.

Verbos defectivos

Chamam-se defectivos os verbos de conjugação incompleta. Faltam-lhes algumas pessoas, tempos ou modos.

Exemplos de verbos defectivos: “reaver”, “precaver”, “falir”, “explodir”, “demolir”, “colorir”, “abolir”.

Verbos abundantes

São chamados abundantes os verbos que possuem alguma forma dupla. Agrupam-se entre os abundantes especialmente os verbos com dois particípios.

Exemplos:

  • Primeira conjugação: “aceitar” (aceito/aceitado), “entregar” (entregado/entregue), “enxugar” (enxugado/enxuto).
  • Segunda conjugação: “acender” (acendido/aceso), “eleger” (elegido/eleito), “morrer” (morrido/morto).
  • Terceira conjugação: “frigir” (frigido/frito), “omitir” (omitido/omisso), “imprimir” (imprimido/impresso).

Classificação semântica

Verbos transitivos

Um verbo transitivo é aquele que admite o complemento direto, complemento indireto ou complemento direto e indireto. Neste caso, o conteúdo semântico do verbo transita para o complemento em questão.

Verbos intransitivos

Intransitivo é a designação de um verbo construído sem complemento direto ou indireto. (por exemplo: nascer, morrer). Neste caso, o conteúdo semântico do verbo não transita para o complemento.

Bibliografia:

  • CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Companhia Editora Nacional. 2009.
  • CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Lexikon, 2013.
  • TELLES, V. T. Curso prático de redação e gramática aplicada. Curitiba, Bolsa Nacional do Livro, 1984.

Veja também:

Igor Alves
Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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