Bullying na escola

Carlos Neto
Carlos Neto
Cientista Social

O bullying na escola (ou bullying escolar) é um conjunto de comportamentos agressivos que ocorre entre crianças e jovens dentro do espaço da escola. Esses comportamentos costumam ser ofensas verbais, ameaças, humilhações e ataques físicos.

Todo tipo de bullying, inclusive o escolar, envolve desequilíbrio de poder entre as pessoas envolvidas. O bullying é caraterizado pela repetição ao longo do tempo de atitudes agressivas que podem causar danos físicos e psicológicos à vítima.

O bullying escolar pode ser praticado por um indivíduo (o bully, palavra em inglês que significa “valentão”) ou por um grupo. Apesar de não existir uma motivação específica para o bullying na escola, é comum que crianças e jovens sofram bullying pela cor da sua pele, por sua orientação sexual, por não se adequarem a um determinado padrão de beleza ou por serem portadores de alguma deficiência.

Estes são os tipos de bullying praticados dentro da escola:

  • Bullying físico - chutar, dar socos, beliscar, entre outros;
  • Bullying verbal - ofender, insultar, xingar, humilhar;
  • Bullying psicológico - chantagear, discriminar, excluir, ignorar;
  • Bullying sexual - abusar, assediar, violentar;
  • Bullying material - furtar, roubar, destruir pertences.

Consequências do bullying escolar

O bullying escolar pode provocar danos muito sérios em quem o sofre. De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês), as agressões contínuas dentro do espaço escolar podem fazer com que crianças evitem ou até queiram abandonar a escola.

Outras consequências comuns nas crianças e adolescentes que sofrem bullying são a piora no desempenho escolar e a baixa autoestima. Dentre os danos psicológicos, a APA destaca a ansiedade, a depressão e a solidão. Vítimas de bullying também apresentam maior propensão ao suicídio.

Lei sobre bullying

A Lei 13.185/2015, que entrou em vigor em 2016, é uma lei específica sobre bullying que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática.

Além de definir o que é intimidação sistemática (bullying), a lei determina os objetivos do programa de combate e prevenção ao bullying. Dentre as medidas, estão a capacitação de docentes, a implementação de campanhas educativas e a assistência psicológica a vítimas e a agressores.

Bullying escolar é crime?

O bullying escolar é considerado ato ilícito – ou seja, viola o direito e provoca danos a outra pessoa. Dependendo da idade do agressor, pode ser considerado crime (no caso de ser maior de 18 anos) ou ato infracional (se for menor de idade).

Entre os danos mais comuns do bullying escolar está o do tipo moral. O agressor pode ser processado e, se for confirmado o dano moral, cabe indenização à vítima.

No caso de prática de bullying por crianças e jovens menores de 18 anos, os pais do agressor podem ser responsabilizados. No Brasil já houve casos em que pais de alunos tiveram de pagar indenização por danos morais às vítimas de seus filhos.

No caso de bullying físico, as penas podem ser ainda mais severas. No Brasil, menores de idade já tiveram de cumprir medidas socioeducativas em regime semiaberto por agredirem sistematicamente colegas da escola.

Como solucionar o problema do bullying escolar?

Combater o bullying nas escolas não é tarefa fácil e requer o envolvimento tanto do poder público quanto dos integrantes da comunidade escolar: diretores, famílias, professores, funcionários e alunos. Seja qual for a ação, a solução para o problema passa pela construção de um ambiente escolar onde as crianças se sintam protegidas.

Por muito tempo, o bullying escolar foi aceito socialmente. As pessoas costumavam encará-lo como “coisa de criança”, “zoeira” ou “brincadeira”. Por isso, para romper essa cultura de permissividade e mostrar que o bullying não é mera “zoeira”, é importante que todos os atores envolvidos façam a sua parte.

O que a escola pode fazer

À escola cabe trabalhar a questão do respeito às diferenças em sua grade curricular. Esse tema pode ser incluído em sequências didáticas de disciplinas, especialmente das humanidades. É importante que os alunos tenham consciência da importância do respeito ao outro, seja na escola ou fora dela.

A escola também pode criar projetos interdisciplinares de caráter mais abrangente. Semanas temáticas, sessões de cinema, debates com convidados, palestras, entre outros. São muitas as formas de se criar um ambiente escolar positivo, respeitoso e seguro por meio da conscientização.

Outra medida importante é a escola sempre manter os canais de comunicação abertos. É fundamental que orientadores, professores e diretores estejam sempre dispostos a escutar as crianças, e que estas se sintam à vontade para falar de seus problemas.

Orientar crianças e jovens a dar apoio a quem sofre bullying também é uma atitude que pode ajudar bastante. Quem é vítima de bullying tende a se isolar. Em situações de crise, o apoio moral de colegas é fundamental.

Em casos de risco elevado, convém que a escola faça um acompanhamento individualizado da vítima e tome medidas educativas para conter o agressor. Não se deve esperar para agir.

O que as famílias podem fazer

Também é importante que as famílias se façam presentes, acompanhando de perto a vida escolar de seus filhos e impondo limites quando necessário. Crianças têm de ser ensinadas, desde cedo, de que é errado ofender e agredir.

Dialogar com os filhos é uma forma de combater ou prevenir o bullying. Manter uma comunicação saudável dentro de casa favorece a transmissão de valores e sentimentos positivos, além de criar condições favoráveis para que crianças que estão sofrendo bullying peçam apoio.

O que o poder público pode fazer

A fim de combater o bullying, o poder público também cumpre papel fundamental. O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, pode promover campanhas de conscientização e desenvolver políticas públicas que visem à capacitação das equipes pedagógicas e dos professores da rede pública para lidar com o problema.

Cabe ao poder público investir cada vez mais em educação, seja na remuneração de professores e funcionários, seja na melhoria dos espaços escolares. A criação de um ambiente escolar saudável passa por avanços nas condições de trabalho e pelo aprimoramento da estrutura das escolas.

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Carlos Neto
Carlos Neto
Formado em Ciências Sociais (FFLCH-USP), Carlos é mestre em Estudos Portugueses, com especialização em Literatura Portuguesa Contemporânea. É escritor e dá aulas de Redação e Sociologia na Educação Básica desde 2007.
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