Exemplos de Figuras de linguagem

Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

As figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados para enriquecer, dar mais beleza e intensidade à expressão.

Existem muitos tipos de figuras de linguagem. Para compreendê-las melhor, vamos conhecer alguns exemplos das figuras mais utilizadas:

Metáfora:

  • Mas que doce surpresa.
  • As esperanças murchavam pouco a pouco.
  • Leila é um anjo.
  • Aquele indivíduo é um jumento.

A metáfora é uma figura de linguagem em que se usa uma palavra em substituição a outra pela semelhança de significado que elas possuem.

Leia também o significado de metáfora e veja outros exemplos de metáfora.

Comparação:

  • Leila é bondosa como um anjo
  • Aquele indivíduo é tão ignorante quanto um jumento.
  • A explicação deixou tudo claro como um domingo de sol.
  • "A vida vem em ondas como o mar". (Nelson Mota)

A comparação ocorre quando um elemento é comparado a outro a partir de uma característica comum, por meio de partículas de comparação ("como", "tal qual", etc.)

Saiba mais sobre a comparação.

Metonímia:

  • Gosto muito de ler Vinícius de Moraes. (o autor pela obra)
  • Tomei uma garrafa de café. (o continente pelo conteúdo)
  • Floriano é um bom garfo. (o instrumento pela pessoa que o utiliza)
  • Joana usa Bombril para arear as panelas. (a marca pelo produto)

A metonímia ocorre quando há a substituição de uma palavra por outra relacionada.

Saiba mais sobre metonímia.

Catacrese:

  • A receita leva três dentes de alho.
  • A sopa estava tão quente! Queimei o céu da boca.
  • Cuidado! O da mesa está quebrado.
  • Escrevo numa folha de papel.
  • Explodiu a cauda do avião.

Catacrese é o uso de uma palavra com o significado diferente do usual. A palavra é utilizada por falta de um termo mais adequado.

Conheça mais sobre a catacrese.

Eufemismo:

  • Ele foi convidado a se retirar da empresa.
  • O cachorrinho dela foi para o céu.
  • João foi punido pela mãe porque faltou com a verdade.
  • Frederico entregou a alma ao Criador.
  • Ela sofria de mal de Hansen.

No eufemismo, utiliza-se uma expressão para dar mais suavidade à informação que se deseja transmitir. A figura de linguagem é frequentemente utilizada em situações negativas, quando se deseja diminuir o impacto da informação.

Veja o artigo sobre eufemismo e conheça outros exemplos de eufemismo.

Disfemismo:

  • Ele foi expurgado da empresa em que trabalhava.
  • Ele é um ser desprezível.
  • É um compositor medíocre, um poetastro.
  • Juquinha era um demônio em forma de criança.

O disfemismo é a figura de linguagem oposta ao eufemismo. Nela, opta-se pelo emprego de termos mais impactantes para o reforço de uma mensagem negativa.

Personificação:

  • O mar me disse que caminho tomar.
  • "As ondas lambem minhas pernas, o sol abraça o meu corpo..." (Lulu Santos)
  • "Meu cachorro me sorriu latindo." (Roberto Carlos)
  • Os sinos convidam para a missa.
  • A morte roubou-lhe o filho menor.

A personificação ou prosopopeia é a atribuição de características ou ações humanas a coisas inanimadas.

Saiba mais sobre personificação ou prosopopeia.

Sinestesia:

  • Era a primeira vez que eu sentia o sabor da solidão.
  • A dança era quente e empolgou os espectadores.
  • Sinto o cheiro da vitória!
  • "Alga marinha vá na maresia/ Buscar ali um cheiro de azul" (Djavan)

Sinestesia é o nome dado à figura de linguagem relacionada a associação dos sentidos (tato, olfato, paladar, visão e audição).

Saiba mais sobre sinestesia.

Ironia:

  • Estudou tanto que não acertou nenhuma questão do exame.
  • Fiquei muito feliz com o seu atraso.
  • Cheguei no aeroporto e perdi meu voo. Era tudo o que eu queria!
  • É um aluno aplicadíssimo. Chega sempre no final da aula.
  • Você está linda! Onde escondeu a vassoura que a transportou até aqui?

Na ironia, usam-se palavras com um sentido diferente do que se deseja expressar. Nessa figura de linguagem, as palavras utilizadas indicam o oposto daquilo que realmente significam.

Para entender melhor, leia sobre ironia e veja outros exemplos de uso da ironia.

Paradoxo (oxímoro):

  • "Um silêncio tão doente do vizinho reclamar" (Chico Buarque)
  • Eles dedicaram a vida a essa guerra santa.
  • "Eu tô te explicando pra te confundir, eu tô te confundindo pra te esclarecer." (Tom Zé)
  • "Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)

Paradoxo ou oxímoro é uma figura de linguagem que expressa ideias que possuem uma contradição interna de difícil ou impossível solução, o que faz com que a frase não possua uma lógica aparente.

Saiba mais sobre oxímoro.

Perífrase:

  • O Imperador marcou o gol da seleção na final da Copa América. (o jogador Adriano)
  • "Detalhes" é a minha música preferida do Rei. (Roberto Carlos)
  • Tiradentes foi condenado à morte. (Joaquim José da Silva Xavier)
  • A cidade das mangueiras é cheia de encantos. (Belém do Pará)
  • O rei dos animais está na jaula. (leão)

A perífrase, ou antonomásia, é a substituição de um nome por um apelido ou uma alcunha.

Saiba mais sobre perífrase.

Pleonasmo:

  • Quando encontrar a escada, é só subir pra cima.
  • Vou dividir a melancia em duas metades iguais.
  • Ela disse que a entrega foi adiada para depois.
  • "Eu nasci dez mil anos atrás". (Raul Seixas e Paulo Coelho)

No pleonasmo existe redundância, ou seja, são usadas duas ou mais palavras que possuem o mesmo significado e transmitem uma ideia já explicitada no texto.

Leia mais sobre o pleonasmo.

Antítese:

  • Tristezas e alegrias fazem parte da nossa vida.
  • Ele pensava sobre o assunto dia e noite.
  • Joana vai todos os dias à aula, faça chuva ou faça sol.
  • "Abaixo vai a terra, abismo em treva!/ Acima, o firmamento em luz!" (Castro Alves)

Na antítese são usadas palavras que possuem sentidos opostos, ou seja, termos com significados contrários entre si. O uso da antítese pode ajudar a destacar uma ideia de contraste desejada pelo autor.

Conheça mais sobre a antítese.

Hipérbole:

  • Eu passei o dia todo morrendo de sono.
  • Ela ficou horas esperando para encontrar uma vaga de estacionamento.
  • Seu choro fez um vale de lágrimas.
  • Já expliquei um milhão de vezes e você ainda não entendeu.

A característica da hipérbole é a expressão de exagero intencional, para dar mais destaque à ideia transmitida.

Veja mais sobre a hipérbole e o que é sarcasmo?

Gradação:

  • No início do ano, eu prometi melhorar; no meio do ano, já estava satisfeito se não piorasse; agora, no final, me contento em conseguir terminar o ano mesmo.
  • O dia, que era para ser entediante, se tornou emocionante e acabou como o dia mais insano de toda a minha vida.
  • Entrei e pedi a atenção da turma, falei alto para tentar me fazer ouvir, quando percebi, estava berrando pedindo silêncio.
  • “Oh, não aguardes, que a madura idade/ Te converta em flor, essa beleza/ Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.” (Gregório de Matos)

Gradação é o nome dado à figura de linguagem que explora a evolução de uma ideia, atingindo um clímax ou anticlímax.

Anáfora:

  • "É ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer". (Luís de Camões)
  • Ela não foi à aula ontem, ela estava viajando.
  • "Quero inventar o meu próprio pecado. Quero morrer do meu próprio veneno. Quero perder de vez tua cabeça. Minha cabeça perder teu juízo." (Chico Buarque)
  • "Tudo, tudo parado; parado e morto." (Mário Palmério)

A anáfora é uma figura de linguagem que usa a repetição de termos. Nessa figura de linguagem, a palavra é retomada ao longo do texto para destacar a ideia da mensagem, deixando-a em evidência.

Veja mais sobre o significado de anáfora.

Apóstrofe:

  • Valha-me, Nossa Senhora!
  • Ó, meu Deus!
  • Ai, Jesus!
  • "Ó Deus! Onde estás que não respondes?" (Castro Alves)

Apóstrofe é a invocação de algo ou alguém enfaticamente.

Elipse:

  • Somos estudiosos (omissão de "nós")
  • Na terra, tanta guerra (omissão de "há")
  • "Abri a porta, apareci." (Dominguinhos) (omissão de "eu")
  • "Vieste na hora exata, com ares de festa e luas de prata." (Ivan Lins) (omissão de "tu")

Elipse é a omissão de termos de uma sentença que não foram citados anteriormente, mas que podem ser facilmente identificados pelo contexto.

Saiba mais sobre elipse.

Zeugma:

  • Ele estudava matemática e ela, física. (omissão de "estudava")
  • Pedro era pedreiro e José, lavador de carros. (omissão de "era")
  • Maria acordou, tomou café e foi para o trabalho. (omissão de "Maria")
  • "A onda que me carrega é a mesma que me traz." (Paulinho da Viola) (omissão de "onda").
  • "Meu coração só pede teu amor/ Se não me deres, posso até morrer." (Gilberto Gil) (omissão de "teu amor")

Zeugma ocorre quando há a omissão de um termo citado anteriormente.

Saiba mais sobre zeugma.

Silepse:

  • Vossa senhoria foi muito atencioso. (silepse de gênero)
  • A turma corria e gritavam por socorro. (silepse de número)
  • Os brasileiros somos simpáticos e solidários, gostamos de ajudar. (silepse de pessoa)
  • O grupo, ao perceber que as reivindicações não seriam atendidas, optaram por manter a greve. (silepse de número)

Silepse ocorre quando a concordância é transmitida pelo sentido da mensagem, não pela regras gramaticais.

Saiba mais sobre silepse.

Polissíndeto:

  • "e tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou, e agora, José?" (Carlos Drummond de Andrade)
  • Nem a Guanabara. Nem o Corcovado. Nem o Pão de Açúcar. Nada disso é trabalho nosso. (Viriato Correia)
  • E trabalha, e estuda, e sua, e passa no concurso.

Polissíndeto é a repetição de conectivos (por exemplo, "e", "ou" e "nem) em uma sentença.

Assíndeto:

  • Entrei, pedi, veio, comi, paguei, fui embora.
  • Entrou correndo, não falou com ninguém, pegou as coisas e saiu.
  • Trabalha, estuda, sua, passa no concurso.

Ao contrário do polissíndeto, o assíndeto é a omissão dos conectivos de uma sentença.

Anacoluto:

  • Tu, acho até que já podias ter ido.
  • “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga).
  • Eu, meu dinheirinho voa antes do final do mês.
  • Este livro, Deus me ajudou muito.

Anacoluto representa uma mudança repentina, uma interrupção, na estrutura de uma frase.

Saiba mais sobre anacoluto.

Hipérbato:

  • "De dois grandes namorados, de duas grandes paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte anos depois..." (Machado de Assis)
  • "De muito gorda a porca já não anda. De muito usada a faca já não corta." (Chico Buarque)
  • Que o juízo final há de chegar, não duvido.
  • Inocente ele pode dizer que é, mas eu não acredito.

O hipérbato, ou inversão, é a mudança da ordem direta de uma oração.

Onomatopeia:

  • "No tic tic tac do meu coração renascerá." (Timbalada)
  • "Plunct Plact Zum! Não vai a lugar nenhum! (Raul Seixas)
  • "Splish splash fez o beijo que eu dei/ Nela dentro do cinema" (Roberto Carlos)

A onomatopeia é uma figura de linguagem sonora que consiste na imitação de um som.

Saiba mais sobre onomatopeia.

Aliteração:

  • "Paramos pensamos profundamente. Por que pobre pesa plástico, papel, papelão pelo pingado, pela passagem, pelo pão?" (GoG)
  • "Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela. Será que ela mexe o chocalho ou chocalho é que mexe com ela? (Chico Buarque)
  • Chove chuva, chove sem parar” (Jorge Bem Jor)

A aliteração é a utilização reiterada de um som consonantal (som produzido por consoantes).

Saiba mais sobre aliteração.

Assonância:

  • “Minha foz do Iguaçu, polo sul, meu azul, luz do sentimento nu." (Djavan)
  • "O olho tosco, o rosto, sopro, gosto ruim. O dado, o olho tosco, o rosto, solto ruim." (Otto)
  • "E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida." (Guilherme de Almeida)

A assonância é semelhante à aliteração, no entanto, ocorre com a utilização reiterada de um som vocálico (som de vogal) das sílabas tônicas.

Paronomásia:

  • "Vistes as diferentes cores dos homens, as diferentes dores dos homens." (Carlos Drummond de Andrade)
  • "Quem com ferro fere com ferro será ferido." (Dito popular)
  • "Quem casa quer casa." (Dito popular)

A paronomásia consiste na utilização em uma mesma frase de palavras de sons iguais ou semelhantes.

Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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