Anarquismo

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Anarquismo é uma doutrina política e social que defende a abolição do Estado e de qualquer forma de autoridade imposta. Seu objetivo é a construção de uma sociedade baseada na autonomia dos indivíduos, na cooperação voluntária e na igualdade, sem estruturas hierárquicas ou centralizadoras.

No anarquismo, a organização social ocorre de forma descentralizada, por meio da livre associação entre pessoas e grupos, com base em princípios como solidariedade, mutualismo e autogestão.

Para os anarquistas, a existência de um Estado concentra poder e gera opressão. Por isso, eles acreditam que apenas a eliminação completa da autoridade institucional permitiria o desenvolvimento de uma sociedade justa, livre e igualitária.

Principais ideias do anarquismo

O anarquismo propõe uma ruptura radical com a ordem social vigente, especialmente com a autoridade do Estado, das leis e das instituições coercitivas. Ao contrário do que muitos pensam, os anarquistas não defendem a desordem, mas sim uma nova forma de organização social sem dominação.

Entre os valores defendidos pelos anarquistas estão:

  • A extinção do Estado e das hierarquias políticas e econômicas.
  • A substituição das leis por acordos livres entre indivíduos e coletivos autônomos.
  • A autogestão e o controle direto dos meios de produção pelos trabalhadores.
  • A igualdade social e o combate a toda forma de opressão (seja política, econômica, racial ou de gênero).
  • O rompimento com o sistema capitalista e a crítica à propriedade privada concentrada.
símbolo do anarquismo
Símbolo do anarquismo: letra A extrapolando os limites do círculo, reforçando a ideia de não conformidade com a ordem

Origem e principais pensadores

O anarquismo começou a ser formulado no final do século XVIII e início do XIX. Entre seus primeiros teóricos estão:

  • William Godwin: precursor do pensamento anarquista na Inglaterra.
  • Pierre-Joseph Proudhon: considerado o primeiro a se declarar anarquista, famoso pela frase “a propriedade é um roubo”.
  • Max Stirner: defensor do anarquismo individualista e crítico das instituições que limitam a liberdade do indivíduo.

No século XIX, o anarquismo ganhou força com os russos Bakunin (anarcocoletivista) e Kropotkin (anarcocomunista), que ampliaram a base teórica do movimento e atuaram ativamente em lutas políticas. O escritor Leon Tolstói também é associado ao anarquismo, com uma visão voltada para o pacifismo cristão.

Correntes do anarquismo

Embora compartilhem princípios comuns, os anarquistas se dividem em diferentes correntes. As principais são:

Anarquismo individualista: valoriza a liberdade e autonomia do indivíduo acima de qualquer forma de coletividade. Tem receio de que a organização coletiva possa gerar novas formas de dominação ou repressão.

Anarquismo coletivista: defende a autogestão coletiva da produção e das decisões sociais, valorizando o trabalho comum e a distribuição igualitária dos recursos. É contrário ao individualismo por considerá-lo próximo ao modelo capitalista.

Também existem outras vertentes, como o anarcocomunismo (baseado na ideia de comunidade sem propriedade privada) e o anarquismo sindicalista, voltado à atuação direta dos trabalhadores organizados.

Características do anarquismo

  • Defesa da extinção do Estado;
  • Rejeição de qualquer forma de autoridade imposta;
  • Crítica ao capitalismo e à exploração econômica;
  • Promoção da autogestão e da descentralização do poder;
  • Valorização da liberdade individual e coletiva;
  • Organização social baseada em associações voluntárias e solidárias;
  • Crítica à desigualdade social e às estruturas hierárquicas;
  • Busca por justiça social sem coerção institucional.

Diferenças entre anarquismo, socialismo e comunismo

Apesar de compartilharem críticas ao capitalismo e à desigualdade social, o anarquismo se distingue do socialismo e do comunismo por rejeitar qualquer forma de Estado, inclusive aquelas propostas pelos regimes socialistas e comunistas.

Enquanto socialistas e comunistas acreditam na transformação do Estado como meio para alcançar a igualdade (por exemplo, com o controle estatal da economia e dos meios de produção), os anarquistas defendem que o Estado, em qualquer forma, inevitavelmente se tornará opressor e deve ser abolido desde o início.

Bibliografia:

  • COSTA, Caio Túlio. O que é anarquismo. São Paulo: Brasiliense, 2004.
  • PREPOSIET, Jean. História do Anarquismo. Coimbra: Edições 70, 2007.

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