Etarismo: o que é, exemplos e como acontece no Brasil
Etarismo é a discriminação devido à idade. Geralmente é direcionada a pessoas idosas, mas pode ser qualquer tipo de preconceito baseado na faixa etária, seja para crianças, jovens ou pessoas mais velhas.
O etarismo prejudica a autoestima e o bem-estar emocional das vítimas, pode inclusive impedir que tenham acesso a oportunidades de trabalho, estudo, lazer, entre outros.
Dizer que uma pessoa não tem idade para fazer determinada atividade ou mesmo dizer que alguém está muito bem para sua a idade são exemplos de etarismo.
Excluir jovens ou pessoas mais velhas de ofertas de trabalho devido a sua idade também é um exemplo da discriminação. No Brasil, o etarismo é crime. O Artigo 96 do Estatuto do Idoso afirma que é crime:
Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade.
Para quem comete o crime de discriminação, a pena vai de seis meses a um ano de reclusão mais o pagamento de multa. Se o crime for cometido pelo cuidador ou o responsável pelo idoso, a pena aumenta em um terço.
Apesar das vítimas do etarismo poderem ter qualquer idade, os idosos são os que sofrem mais discriminação por conta da idade.
Etarismo no Brasil
A população idosa no Brasil tem crescido nas últimas décadas, devido ao aumento da qualidade de vida e consequentemente uma maior longevidade. Além de viver mais, as pessoas também estão permanecendo ativas por mais tempo.
O Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, mostrou que cerca de 32 milhões de pessoas tem mais de 60 anos no país.
Apesar da população idosa ter aumentado, o etarismo não diminuiu no país, inclusive o assunto passou a ter mais visibilidade política e social recentemente.
O imaginário social brasileiro ainda acredita que alguns comportamentos ou atitudes não são adequadas a pessoas mais velhas, seja usar determinado tipo de roupa ou corte de cabelo, frequentar bares, boates e shows, sair sozinho, estudar, trabalhar em algumas profissões ou assumir cargos de liderança.
Os idosos brasileiros enfrentam o preconceito nas relações do dia a dia e também quando vão a procura de trabalho ou estudo. Há pessoas capacitadas para funções, mas que não são contratadas pela idade.
O etarismo no Brasil também faz com que as cidades não sejam pensadas para a usabilidade das pessoas idosas, que muitas vezes dependem de terceiros somente porque o local não é acessível.
Para combater o etarismo, é necessária mudança de mentalidade e também cultural, adaptando o imaginário social a realidade dos idosos brasileiros, que são cada vez mais independentes e ativos.
Exemplos de etarismo
O preconceito pela idade se manifesta nos mais diferentes âmbitos da vida dos idosos (e outras vítimas), veja alguns exemplos de etarismo:
- Recusar a contratação de uma pessoa capacitada unicamente pela sua idade, seja por ser jovem ou idoso;
- Subestimar a capacidade de jovens e/ou idosos de entender a realidade, ou problemas;
- Ignorar as preocupações dos idosos, assumindo-as como irrelevantes ou exageradas;
- Menosprezar a capacidade de entendimento de pessoas idosas ou crianças durante o estudo;
- Dizer que todo adolescente é chato ou irritante;
- Dizer que não gosta, no geral, de crianças, adolescentes ou idosos;
- Desincentivar idosos a estudarem, trabalharem ou desenvolverem atividades que gostem;
- Excluir socialmente idosos em locais recreativos, como bares, boates e shows;
- Impedir que pessoas idosas tenham acesso ao transporte público, a saúde, educação e lazer;
- Negar a autonomia dos idosos, quando ainda possuem,
- Acreditar que jovens não tem capacidade para contribuir com debates sociais e políticos,
- Reforças estereótipos prejudiciais aos idosos, em publicidades, propagandas ou shows de humor,
- Negar a beleza da pessoa idosa;
- Negar a naturalidade de envelhecer, condenando socialmente pessoas com rugas, manchas na pele, cabelos brancos, entre outros;
- Humilhar ou ser violento com a pessoa idosa, ou criança;
- Negligenciar os cuidados da pessoa idosa.
Causas do etarismo
O etarismo pode se manifestar de diferentes formas no Brasil e no mundo, porém, trata-se de um problema principalmente cultural. Os estereótipos relacionados com determinadas faixas etárias ajudam a construir e intensificar o problema.
De modo geral, o chamado mundo ocidental valoriza a juventude e a vitalidade, diferente de outras sociedades que colocam os mais velhos em um lugar de sabedoria e valor.
Na nossa sociedade se valoriza quem produz mais, quem aparenta estar saudável e belo. A juventude é fortemente ligada a ideia de beleza, o que faz com que a velhice seja associada a falta de saúde, fraqueza e feiura.
Isso cria uma pressão social contra a ideia do envelhecimento, ao mesmo tempo que exclui pessoas mais velhas. O etarismo revela o medo geral do envelhecimento, a insegurança com relação às mudanças da vida e com a possível concorrência que pessoas idosas ativas e empoderadas poderiam gerar.
Consequências do etarismo
O etarismo provoca estresse, baixa autoestima e até depressão em quem é vítima da violência. Ao ter sua capacidade e valor negados por outras pessoas, as vítimas passam a duvidar de si mesmas e se sentirem invalidadas.
Portanto, a saúde psicológica e emocional ficam prejudicadas. Além do transtorno pessoal, o etarismo também é um problema social. Porque exclui uma parcela da sociedade e corrobora para a injustiça social.
O etarismo é uma discriminação que precisa ser combatida tanto no dia a dia, nas relações, quanto em âmbitos maiores, sociais e culturais, para uma sociedade mais justa e igualitária.
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