5 metáforas famosas e inteligentes (explicadas)
A metáfora é uma figura de linguagem em que são usadas palavras ou expressões em um sentido diferente do habitual. Nestas situações as palavras são utilizadas através da comparação de sentidos e de interpretações que podem existir entre elas.
Assim, a comparação na metáfora não é dita de forma explícita, ela fica subentendida através do sentido comparativo utilizado.
As metáforas podem ser usadas em todos os formatos de comunicação: na fala, na literatura, na música, no cinema, entre muitas outras formas de expressão. Conheça algumas metáforas famosas:
1. A rosa de Hiroshima
Vinícius de Moraes compôs o poema Rosa de Hiroshima no ano de 1946. Em um trecho o poeta escreveu:
…Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa…”
Vinícius utilizou a aplicação da metáfora para fazer uma crítica aos bombardeiros realizados pelos Estados Unidos contra a cidade de Hiroshima em agosto de 1945, durante a II Segunda Guerra Mundial.
Quando usou a figura de linguagem para chamar a bomba de rosa, o poeta fez uma referência ao momento da explosão da bomba, que lembra a imagem de uma rosa, como pode ser visto na foto abaixo.
Assim, trata-se de uma metáfora que faz uma crítica severa ao bombardeio, pois as rosas, delicadas e bonitas, em nada lembram o poder destrutivo de uma bomba atômica.
Já as metáforas "rosa radioativa" e "rosa hereditária"são referências ao poder radioativo da bomba atômica e às graves consequências desse ataque, que por muito tempo afetaram a população desta cidade.
A força da radioatividade é tamanha que várias gerações nascidas em Hiroshima sofreram com problemas de saúde e deformidades causadas pela radiação da bomba.
2. As gaiolas de Rubem Alves
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Neste trecho, que faz parte do livro Sete vezes Rubem, o autor Rubem Alves utilizou a aplicação da palavra gaiola para fazer uma crítica às escolas que não incentivam a liberdade e a diversidade de pensamento entre seus alunos.
Assim, utilizando a comparação das formas de aprisionamento, Rubem declara que as escolas que não estimulam o pensamento próprio dos alunos os aprisionam, assim como as gaiolas são usadas para retirar a liberdade dos pássaros.
Na crônica "Gaiolas e asas" o autor opina que escolas que não incentivam os alunos são lugares que fazem com que os pássaros (alunos) desaprendam a arte de voar, tornando-se pessoas presas, sob o controle de ideias já existentes.
Já as escolas asas são as escolas que incentivam o pensamento e dão asas aos alunos, possibilitando voos livres, baseados em ideias e conceitos produzidos individualmente por cada um.
3. Iracema e os lábios de mel
A metáfora é um recurso linguístico antigo, utilizado há muito tempo na literatura. Encontramos um exemplo na obra Iracema, de José de Alencar, publicada pela primeira vez no ano de 1865. É interessante observar que o autor costumava utilizar metáforas em suas obras, não somente ao escrever o romance Iracema.
Neste livro, ao descrever a personagem Iracema o autor a descreve da seguinte forma: Iracema, a virgem dos lábios de mel. José de Alencar utilizou uma linguagem metafórica para descrever que a personagem, vista por um bonito e apaixonado olhar, dizendo que ela possuía lábios que eram tão doces como mel.
Pode-se dizer que a metáfora foi utilizada para expressar a visão idealizada da mulher, uma das principais características do romantismo, gênero literário ao qual pertence à obra Iracema.
Leia mais sobre o Romantismo e conheça algumas características do Romantismo deste movimento artístico.
4. O amor é um laço
Na música Faltando um pedaço, de Djavan, há um trecho metafórico:
O amor é um grande laço
Um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos
Pra alimentar a matilha
Nesta canção o músico utilizou uma metáfora ao falar de amor, comparando o sentimento a um laço. Desta forma, Djavan expressou a ideia de que o sentimento amoroso faz com que as pessoas que se amam sintam-se unidas e entrelaçadas, assim como um laço.
A partir do uso da figura metafórica Djavan definiu a união e os sentimentos positivos experimentados pelas pessoas que vivem uma relação de amor.
5. A borracha de apagar ideologias
Mafalda é uma personagem conhecida por ser inquieta e muito questionadora. Nesta famosa tirinha do cartunista argentino Quino, criador da personagem, é usada uma metáfora para se referir ao cassetete usado pelo policial.
Para compreender melhor a linguagem utilizada na tirinha é preciso analisar o contexto histórico da sua publicação. Mafalda foi originalmente publicada entre os anos de 1964 e 1973, época em que a Argentina vivia sob um duro regime militar.
Quando a personagem se refere ao cassetete como a "borracha de apagar ideologias", fica evidente a crítica de Quino à repressão policial que ocorria na época contra pessoas que lutavam pelo fim da ditadura, principalmente durante as manifestações populares.
Saiba mais sobre as metáforas e veja exemplos de metáforas.
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